quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
domingo, 21 de dezembro de 2008
sábado, 20 de dezembro de 2008
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
esse fundo de mar, esse lar
uma pátria que me queira
mais irreverente assino
esse ar essas palmeiras
essas meninas de olheiras
se por um sonho
foi promovido a assassino
ai maria
outras bonitas o cheiram
mais transparente fico
quando o céu
esse céu do brasil
do meio rio ai romã
se estrela sobre a mantiqueira
bendita las tuas cores
que todas são musicais
uma pátria que me queira
mais irreverente assino
esse ar essas palmeiras
essas meninas de olheiras
se por um sonho
foi promovido a assassino
ai maria
outras bonitas o cheiram
mais transparente fico
quando o céu
esse céu do brasil
do meio rio ai romã
se estrela sobre a mantiqueira
bendita las tuas cores
que todas são musicais
domingo, 14 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
canta o pé de jatobá
põe-se a lua a escutar
as mulheres estão dormindo
mas logo irão acordar.
dança a verde maré
no palco do litoral
sabem os astros lá no alto
que as coisas vão esquentar.
bomba não tem nada com peixe
mar não foi feito pra bomba.
eu não vou pela intuição
berlim na televisão.
jegue de metal é brilhante
mas não tem alma nem respira.
ou a violência come a viola
ou a viola come a violência.
põe-se a lua a escutar
as mulheres estão dormindo
mas logo irão acordar.
dança a verde maré
no palco do litoral
sabem os astros lá no alto
que as coisas vão esquentar.
bomba não tem nada com peixe
mar não foi feito pra bomba.
eu não vou pela intuição
berlim na televisão.
jegue de metal é brilhante
mas não tem alma nem respira.
ou a violência come a viola
ou a viola come a violência.
domingo, 7 de dezembro de 2008
sábado, 6 de dezembro de 2008
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
sábado, 29 de novembro de 2008
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
sábado, 22 de novembro de 2008
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008
sábado, 8 de novembro de 2008
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
terça-feira, 4 de novembro de 2008
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
domingo, 2 de novembro de 2008
ela estava lá em pessoa
eu fiz por onde minha atitude
lançasse nuvens na certeza dela
ela anda
em círculos com seus lindos pés
e não em linha reta
eles estão
procurando fora sempre fora
não é por aí
que começa a estrada para o céu
ela me imagina apaixonado
ela deseja
todos os homens
chorando aos seus pés
ela não é nenhum enigma
sei ela se imagina misteriosa
ela não é nenhum enigma
eu fiz por onde minha atitude
lançasse nuvens na certeza dela
ela anda
em círculos com seus lindos pés
e não em linha reta
eles estão
procurando fora sempre fora
não é por aí
que começa a estrada para o céu
ela me imagina apaixonado
ela deseja
todos os homens
chorando aos seus pés
ela não é nenhum enigma
sei ela se imagina misteriosa
ela não é nenhum enigma
sábado, 1 de novembro de 2008
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
terça-feira, 28 de outubro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008
domingo, 19 de outubro de 2008
sábado, 18 de outubro de 2008
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
terça-feira, 14 de outubro de 2008
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
domingo, 12 de outubro de 2008
sábado, 11 de outubro de 2008
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
terça-feira, 7 de outubro de 2008
domingo, 5 de outubro de 2008
sábado, 4 de outubro de 2008
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
domingo, 28 de setembro de 2008
sábado, 27 de setembro de 2008
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
não venha a mim
sou uma pequena alegria
uma escada curta
uma nuvem como as outras
no céu da tarde
não venha a mim
sou apenas um tocador de gaita
uma flor da água
um cisne procurando a palavra
você sabe
não é qualquer um
que traz os sinais
mas um especialmente
tem muita gente nervosa
com as cores do mar
eu sou apenas um gaiteiro
sou uma pequena alegria
uma escada curta
uma nuvem como as outras
no céu da tarde
não venha a mim
sou apenas um tocador de gaita
uma flor da água
um cisne procurando a palavra
você sabe
não é qualquer um
que traz os sinais
mas um especialmente
tem muita gente nervosa
com as cores do mar
eu sou apenas um gaiteiro
terça-feira, 23 de setembro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
domingo, 21 de setembro de 2008
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
usando a sobremesa como um revólver
você vai sujar o meu terno.
querida
eu também estou impaciente
e cansado.
com essa paz de fel
com esse amor de papel.
nossas nações estão brigando
e com isso
os cães se deliciando.
você diz
vamos viver vamos viver
mas não saímos do canto
a estas alturas
você já perdeu o seu ensaio
e eu minha aula de esperanto.
meu bem
não se esqueça de que somos muito
românticos. me convide
que a lua já nos fez o convite
precisamos andar
respirar.
e não podemos esperar...
como disse luther king
você vai sujar o meu terno.
querida
eu também estou impaciente
e cansado.
com essa paz de fel
com esse amor de papel.
nossas nações estão brigando
e com isso
os cães se deliciando.
você diz
vamos viver vamos viver
mas não saímos do canto
a estas alturas
você já perdeu o seu ensaio
e eu minha aula de esperanto.
meu bem
não se esqueça de que somos muito
românticos. me convide
que a lua já nos fez o convite
precisamos andar
respirar.
e não podemos esperar...
como disse luther king
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
falar do que passa
é empada.
e falar por falar
é goteira.
a vida não cabe numa compoteira.
tocar no sentido da espada.
luz que dá força ao sonho.
nem só de água vive o mar.
o silêncio é fornalha
queima toda besteira.
o corte do som
que nada tem com o tom da navalha.
qualquer espantalho
qualquer trapalhada
não vai fazer nossa tez coalhar.
vaca é pra gente amar
muito mais do que para comer.
me dê de beber.
eu vou
como um beija-flor
batalhando uma flor
meu amor. meu amor.
é empada.
e falar por falar
é goteira.
a vida não cabe numa compoteira.
tocar no sentido da espada.
luz que dá força ao sonho.
nem só de água vive o mar.
o silêncio é fornalha
queima toda besteira.
o corte do som
que nada tem com o tom da navalha.
qualquer espantalho
qualquer trapalhada
não vai fazer nossa tez coalhar.
vaca é pra gente amar
muito mais do que para comer.
me dê de beber.
eu vou
como um beija-flor
batalhando uma flor
meu amor. meu amor.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
o encontro dos lábios do cosmo
com os lábios da nação.
oh estrelas pandeiros...
serenos alegres malucos
no ventre nas matas no céu no sertão.
ai verde do crescimento
ai loiro da claridade
ai rosa que não é explosão...
os olhos da bandeira
iluminam a praça
e a praça no meu coração.
cartolina carolina colorau.
samba folia nas asas na praça no peito.
o cruzeiro do sul.
ai lenta-segura gestação.
no universo o céu da nação.
e a prata que se incendeia
"nos braços nos olhos de bruços"
no mel
da mais infantil emoção.
com os lábios da nação.
oh estrelas pandeiros...
serenos alegres malucos
no ventre nas matas no céu no sertão.
ai verde do crescimento
ai loiro da claridade
ai rosa que não é explosão...
os olhos da bandeira
iluminam a praça
e a praça no meu coração.
cartolina carolina colorau.
samba folia nas asas na praça no peito.
o cruzeiro do sul.
ai lenta-segura gestação.
no universo o céu da nação.
e a prata que se incendeia
"nos braços nos olhos de bruços"
no mel
da mais infantil emoção.
domingo, 14 de setembro de 2008
seu dotô sua licença
para uma palavrinha
seu dotô falô da sua
pois eu vou falar da minha
minha casa
num tem vrido
nem ôro nem porcelana
minha casa
é de pau e barro
mas nela
os anjo canta
e eu garanto
que o sol
quando alumia a sua
num tira o zóio da minha
imagem captada da página: www.nordesteweb.com/not05/ne_not_20010529a.htm
sábado, 13 de setembro de 2008
V
sorvete ou salsa ou usina
e a luz das meninas
muita gargalhada linda
o infinito a cada passo
uma nave no quintal
e um sarro na esquina
que o novo está na aurora
no canto na praça no pé
nos olhos que se demoram
na constelação indicativa
que o coletivo não é esquisito
é só a tendência como uma enchente
mato grosso coisa linda
o teu corpo dourado
lençol branco de portugal
sangue tupi
o teu idioma azul
e o verde do cariri
no tempo de coisas novas
se o tempo inda era fechado e daí?
o trânsito pouco dizia
além dos beijos das garotas
como estrelas sobre a noite crua
mas era manhã dentro da noite
sorvete ou salsa ou usina
e a luz das meninas
muita gargalhada linda
o infinito a cada passo
uma nave no quintal
e um sarro na esquina
que o novo está na aurora
no canto na praça no pé
nos olhos que se demoram
na constelação indicativa
que o coletivo não é esquisito
é só a tendência como uma enchente
mato grosso coisa linda
o teu corpo dourado
lençol branco de portugal
sangue tupi
o teu idioma azul
e o verde do cariri
no tempo de coisas novas
se o tempo inda era fechado e daí?
o trânsito pouco dizia
além dos beijos das garotas
como estrelas sobre a noite crua
mas era manhã dentro da noite
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
IV
quem fechava os olhos
para ver londres por dentro à noite?
e o que impedia o raio
que partia para salvar alguém?
os olhos grandes da ignorância
sobre a humanidade
enquanto os pára-quedistas
libres curtiam nas alturas
no chão os répteis
se inundavam em críticas
quando o condor passava
ou então aquela garota irreverente
a terra sem dúvida real baby
no carrocel estrelado
ainda guarda o seu retrato
e o rio acariciava os seus joelhos na suíte
lá fora os automóveis
dentro do mesmo circo
quem fechava os olhos
para ver londres por dentro à noite?
e o que impedia o raio
que partia para salvar alguém?
os olhos grandes da ignorância
sobre a humanidade
enquanto os pára-quedistas
libres curtiam nas alturas
no chão os répteis
se inundavam em críticas
quando o condor passava
ou então aquela garota irreverente
a terra sem dúvida real baby
no carrocel estrelado
ainda guarda o seu retrato
e o rio acariciava os seus joelhos na suíte
lá fora os automóveis
dentro do mesmo circo
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
III
borboletas sonhavam
em nem toda parte só havia areia
olhares asas e surpresas
desciam das montanhas
e o samba invadia a solidão
e na piscina um avião
quem era afinal
quem era que devia tomar cuidado?
e perdiam tempo espionando os pássaros
e invejavam
o que as flores conversavam em segredo
o tempo estava repleto de lições
neturno no olhar da girl
e a terra a olhar azul
um relâmpago na estrada
e alguém em algum lugar
procurando saber
saber o quê?
borboletas sonhavam
em nem toda parte só havia areia
olhares asas e surpresas
desciam das montanhas
e o samba invadia a solidão
e na piscina um avião
quem era afinal
quem era que devia tomar cuidado?
e perdiam tempo espionando os pássaros
e invejavam
o que as flores conversavam em segredo
o tempo estava repleto de lições
neturno no olhar da girl
e a terra a olhar azul
um relâmpago na estrada
e alguém em algum lugar
procurando saber
saber o quê?
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
II
ah quantas cidades
onde a lua sonhava com os casais
e o vento balançava a ponte
soprava as nuvens coloridas
e trazia as matas
com seu misterioso perfume
os que não entendiam o tempo
diziam bobagens sobre a saúde
e entre os piores estavam os melhores
e entre os melhores estavam os piores
na verdade exigia inteligência
a poesia de cada um
e as bombas se multiplicaram como beijos
e os beijos explodiram como bombas
nos iglus da europa e na tela americana
el zumbido de moskova
como o de um zangão
mas quem era beleza era beleza pra caramba
ah quantas cidades
onde a lua sonhava com os casais
e o vento balançava a ponte
soprava as nuvens coloridas
e trazia as matas
com seu misterioso perfume
os que não entendiam o tempo
diziam bobagens sobre a saúde
e entre os piores estavam os melhores
e entre os melhores estavam os piores
na verdade exigia inteligência
a poesia de cada um
e as bombas se multiplicaram como beijos
e os beijos explodiram como bombas
nos iglus da europa e na tela americana
el zumbido de moskova
como o de um zangão
mas quem era beleza era beleza pra caramba
terça-feira, 9 de setembro de 2008
I
era tempo de coisas novas
se o tempo inda era fechado e daí?
se a manhã já estava nua na porta
o trânsito pouco dizia
além dos beijos das garotas
como estrelas sobre a noite crua
Mas era manhã dentro da noite
sim teus olhos abertos na surdez da rua
que aparecia na televisão
e as salas suavam de nada saberem
mas ninguém podia negar
um gosto que invadia
em ondas morenas
os assobios bailavam com o mar
é claro que sabiam
tudo o que afligia a brisa
a terra e a gente
e cubatão e urubupungá
Obs.: Início de um série de 5 poemas sob o título "Vinho Branco" (s/d)
era tempo de coisas novas
se o tempo inda era fechado e daí?
se a manhã já estava nua na porta
o trânsito pouco dizia
além dos beijos das garotas
como estrelas sobre a noite crua
Mas era manhã dentro da noite
sim teus olhos abertos na surdez da rua
que aparecia na televisão
e as salas suavam de nada saberem
mas ninguém podia negar
um gosto que invadia
em ondas morenas
os assobios bailavam com o mar
é claro que sabiam
tudo o que afligia a brisa
a terra e a gente
e cubatão e urubupungá
Obs.: Início de um série de 5 poemas sob o título "Vinho Branco" (s/d)
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
sábado, 6 de setembro de 2008
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
terça-feira, 2 de setembro de 2008
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
em toda parte estás e eu creio em ti...
ó estrela deste vale de lágrimas
você não dorme nem deixa ninguém dormir
quem te vê fazendo ginástica aeróbica
levanta-se e diz és a melhor e mais linda
ó rainha das armas químicas
na verdade américa eu sou um infiel
manda-me para a cadeira elétrica
e eu te dou meus parabéns
ó estrela deste vale de lágrimas
você não dorme nem deixa ninguém dormir
quem te vê fazendo ginástica aeróbica
levanta-se e diz és a melhor e mais linda
ó rainha das armas químicas
na verdade américa eu sou um infiel
manda-me para a cadeira elétrica
e eu te dou meus parabéns
domingo, 31 de agosto de 2008
sábado, 30 de agosto de 2008
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
terça-feira, 26 de agosto de 2008
hércules caro hércules
aceite uma flor
do mais fraco dos homens
alguém puxou minha orelha
para onde vai menino?
resolva o seu problema escolar
afogados em sua tranquilidade
eles prevêem melhores dias
quando um horizonte estranho se avizinha
hércules caro hércules
quem ama pertence
alguém puxou minha orelha
todos dormindo
é o sono de todos
isso em toda cidade
alguém puxou minha orelha
meu meu amor de cajazeiras
aceite uma flor
do mais fraco dos homens
alguém puxou minha orelha
para onde vai menino?
resolva o seu problema escolar
afogados em sua tranquilidade
eles prevêem melhores dias
quando um horizonte estranho se avizinha
hércules caro hércules
quem ama pertence
alguém puxou minha orelha
todos dormindo
é o sono de todos
isso em toda cidade
alguém puxou minha orelha
meu meu amor de cajazeiras
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
simone sabe o que é
ser nesse tempo mulher.
atirei o meu anzol
para pescar um sonho
pesquei o abandono.
quando o futuro vier
não quero estar tão nua
as multidões carentes
no modernismo das ruas.
o grito do tucano
no domingo pernambucano
simone sabe o que é
ser nesse tempo mulher
é bolero pra um deus
por telefone um adeus.
sempre ouvindo o vento
guardando o velho senso
no céu o sol e a lua
na terra a vida crua.
ser nesse tempo mulher.
atirei o meu anzol
para pescar um sonho
pesquei o abandono.
quando o futuro vier
não quero estar tão nua
as multidões carentes
no modernismo das ruas.
o grito do tucano
no domingo pernambucano
simone sabe o que é
ser nesse tempo mulher
é bolero pra um deus
por telefone um adeus.
sempre ouvindo o vento
guardando o velho senso
no céu o sol e a lua
na terra a vida crua.
domingo, 24 de agosto de 2008
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
uma coisa é sonhar
um dia viajar de boeing
outra coisa é pensar
no que vai pelo coração das baleias
em seu coração
sabe que no mundo deles
baleia quer dizer dinheiro
e são capazes de confundir
rodelas de cenoura com moedas de ouro
uma coisa é discutir
a aparência das conservas
outra coisa é sofrer com as vacas
o pesadelo das latas
um dia viajar de boeing
outra coisa é pensar
no que vai pelo coração das baleias
em seu coração
sabe que no mundo deles
baleia quer dizer dinheiro
e são capazes de confundir
rodelas de cenoura com moedas de ouro
uma coisa é discutir
a aparência das conservas
outra coisa é sofrer com as vacas
o pesadelo das latas
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
como ia dizendo...
um cara vai por uma estrada
dirigindo sua velha máquina ford guerra
esse cara ingênuo e boa pessoa
como todo mundo também tem seus amigos
e acredita que todos são amigos
ele vê o asfalto firme na sua frente
e pelas janelas da camioneta
a plantação crescendo
e ele diz para o asfalto
meu nego está tudo em ordem
mas eu estou sabendo
que esse mundo maravilhoso
nos quer ver mortos
um cara vai por uma estrada
dirigindo sua velha máquina ford guerra
esse cara ingênuo e boa pessoa
como todo mundo também tem seus amigos
e acredita que todos são amigos
ele vê o asfalto firme na sua frente
e pelas janelas da camioneta
a plantação crescendo
e ele diz para o asfalto
meu nego está tudo em ordem
mas eu estou sabendo
que esse mundo maravilhoso
nos quer ver mortos
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
canção da resistência
desce a noite sorrindo
na cordilheira de arranha-céus
e nas profundezas
as constelações cintilam
pelo espaço
o vento da cidade
ventando no colorido das saias
amando cabelo e olhares
passou acendendo os meus lábios
e cantam os habitantes
secretamente
a canção da resistência
na cordilheira de arranha-céus
e nas profundezas
as constelações cintilam
pelo espaço
o vento da cidade
ventando no colorido das saias
amando cabelo e olhares
passou acendendo os meus lábios
e cantam os habitantes
secretamente
a canção da resistência
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
foi tudo no egito
pras bandas do cairo
eu era um cara moleque
saci dos telhados
vi a moça no banho
era a filha do faraó
ele ficou o diabo
fugi pra mossoró
saí no noticiário
apenas aguardo as estrelas
breve este mundo engraçado
ficará sério
e eu vou pra belgrado
com a proteção da santa hungria
nunca mais vou ser danado
pras bandas do cairo
eu era um cara moleque
saci dos telhados
vi a moça no banho
era a filha do faraó
ele ficou o diabo
fugi pra mossoró
saí no noticiário
apenas aguardo as estrelas
breve este mundo engraçado
ficará sério
e eu vou pra belgrado
com a proteção da santa hungria
nunca mais vou ser danado
terça-feira, 12 de agosto de 2008
no lago do pecado
vi o negro cisne inglês
ainda tenho tinta
para escrever outra vez
no lago do pecado
vi o negro cisne inglês
irlandês ou argentino
sou o marujo valvês
fui à ìndia fui à china
só combater inglês
obrigado tio fritz
vi pela televisão
as que moram na igreja
elas fazem confusão
avenida por avenida
a paulista
torre por torre a de pisa
ladrão por ladrão
ali babá
se nasce sangrando a aurora
flechada pela tradição
a natureza sabe
da lei de talião
vi o negro cisne inglês
ainda tenho tinta
para escrever outra vez
no lago do pecado
vi o negro cisne inglês
irlandês ou argentino
sou o marujo valvês
fui à ìndia fui à china
só combater inglês
obrigado tio fritz
vi pela televisão
as que moram na igreja
elas fazem confusão
avenida por avenida
a paulista
torre por torre a de pisa
ladrão por ladrão
ali babá
se nasce sangrando a aurora
flechada pela tradição
a natureza sabe
da lei de talião
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
domingo, 10 de agosto de 2008
sábado, 9 de agosto de 2008
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
senti a energia de argos em fortaleza
e rasguei todos os pápeis antigos
calmamente mastiguei o bom senso
me apresento agora
como uma rajada de vento
caciques falam telepaticamente
na mente urano
fui até a calçada e urinei
homenageio tudo o que sei
e o que sinto te entrego
é noite e eu digo bom dia
porque ando no amanhã
minha calda de pássaro
não se entende pelo passado?
invisível passo por ti
levando no olhar todo o brilho guarani
e rasguei todos os pápeis antigos
calmamente mastiguei o bom senso
me apresento agora
como uma rajada de vento
caciques falam telepaticamente
na mente urano
fui até a calçada e urinei
homenageio tudo o que sei
e o que sinto te entrego
é noite e eu digo bom dia
porque ando no amanhã
minha calda de pássaro
não se entende pelo passado?
invisível passo por ti
levando no olhar todo o brilho guarani
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
hoje vou para nova iorque
praça de guerra
que o senhor sustente a minha espada
e as minhas pernas
ele decretou a nossa existência
e viemos à luz
quem é aquela de azul?
que tanto geme e chora?
eis que tudo virou prostituição
onde arranjaremos alegria?
no circo?
com esses palhaços de cara de ferro?
que sopre o amor
então as portas se abrirão
e com passos mais firmes do que os de roma
marcharemos
mas apenas
para tomarmos chocolate com os pagãos
praça de guerra
que o senhor sustente a minha espada
e as minhas pernas
ele decretou a nossa existência
e viemos à luz
quem é aquela de azul?
que tanto geme e chora?
eis que tudo virou prostituição
onde arranjaremos alegria?
no circo?
com esses palhaços de cara de ferro?
que sopre o amor
então as portas se abrirão
e com passos mais firmes do que os de roma
marcharemos
mas apenas
para tomarmos chocolate com os pagãos
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
as repórteres do brasil
as repórteres que encantam o brasil
serão mesmo deste mundo?
flores humanas
as repórteres do brasil
fazem da televisão um jardim
aparecem nuas nos sonhos do povão
as repórteres do brasil
falando como robô
cheirando a sangue e a morte
serão marias ou marionetes?
as repórteres do brasil
borboletas do vídeo
a voarem na canção
serão mesmo deste mundo?
flores humanas
as repórteres do brasil
fazem da televisão um jardim
aparecem nuas nos sonhos do povão
as repórteres do brasil
falando como robô
cheirando a sangue e a morte
serão marias ou marionetes?
as repórteres do brasil
borboletas do vídeo
a voarem na canção
terça-feira, 5 de agosto de 2008
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
domingo, 3 de agosto de 2008
meu país é feminino
e digo mais
é a namorada da alemanha
o senhor enviou são jorge
que é muito mais do que a umbanda
abriram-se as portas do nirvana
meu deus não corre atrás de ninguém
sou simples melodia
os lábios da senhora do horizonte
e sei que o coração é mais que as coxas
sopram os ventos da história
sentadas à mesa
esparta e brasília dialogam
e digo mais
é a namorada da alemanha
o senhor enviou são jorge
que é muito mais do que a umbanda
abriram-se as portas do nirvana
meu deus não corre atrás de ninguém
sou simples melodia
os lábios da senhora do horizonte
e sei que o coração é mais que as coxas
sopram os ventos da história
sentadas à mesa
esparta e brasília dialogam
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
quinta-feira, 31 de julho de 2008
quarta-feira, 30 de julho de 2008
terça-feira, 29 de julho de 2008
segunda-feira, 28 de julho de 2008
com que você falou
como um avião
a tarde foi sumindo
com as mãos nos bolsos
com quem você falou
se ali só estava o vento
a noite chegou cantando
a chuva molhou sua canção...
o que os seus passos agora estarão contando
para onde voou o seu olhar
a garota do cartaz à beira da estrada
não viu você nem o que apareceu no céu...
a tarde foi sumindo
com as mãos nos bolsos
com quem você falou
se ali só estava o vento
a noite chegou cantando
a chuva molhou sua canção...
o que os seus passos agora estarão contando
para onde voou o seu olhar
a garota do cartaz à beira da estrada
não viu você nem o que apareceu no céu...
domingo, 27 de julho de 2008
há coisas no amanhã
o que está em jogo é a atitude
não interessa tanta coisa
só que a canção cruze com a vida
a roda vale por um espelho...
a terra é todo país
tanta coisa já aconteceu
há coisas no amanhã
que os búzios não sabem o telefone...
a que alturas o mundo
subirá nas suas asas
hoje eles ainda brincam como crianças...
não interessa tanta coisa
só que a canção cruze com a vida
a roda vale por um espelho...
a terra é todo país
tanta coisa já aconteceu
há coisas no amanhã
que os búzios não sabem o telefone...
a que alturas o mundo
subirá nas suas asas
hoje eles ainda brincam como crianças...
sexta-feira, 25 de julho de 2008
o mar deve balançar sempre
de nem toda vibração você é consciente
você não pode circundar a inconsciência
nada pode deter
um pensamento puro
os próximos passos do mundo
que eles não surpreendam você
as horas não param pra ninguém...
o mar deve balançar sempre
você pode escrever cartas aos planetas
enquanto sopra o vento
as vestes de outono
alguém pode estar gelado
ah me diga como está seu coração...
você não pode circundar a inconsciência
nada pode deter
um pensamento puro
os próximos passos do mundo
que eles não surpreendam você
as horas não param pra ninguém...
o mar deve balançar sempre
você pode escrever cartas aos planetas
enquanto sopra o vento
as vestes de outono
alguém pode estar gelado
ah me diga como está seu coração...
quinta-feira, 24 de julho de 2008
a vida é uma chama que brilha sempre
o sol nasceu ontem mas não é antigo
oh baby você está gritando
a loucura passou desapercebida
porque escolheu um lugar visível
hoje é sempre uma palavra nova
o sol nasceu ontem mas não é antigo
sim hoje é sempre uma palavra nova
a força maior é interior
"o candeeiro se apagou"
mas
"o forró continuou"
porque o sol não...
a vida é uma chama que brilha sempre
oh baby você está gritando
a loucura passou desapercebida
porque escolheu um lugar visível
hoje é sempre uma palavra nova
o sol nasceu ontem mas não é antigo
sim hoje é sempre uma palavra nova
a força maior é interior
"o candeeiro se apagou"
mas
"o forró continuou"
porque o sol não...
a vida é uma chama que brilha sempre
segunda-feira, 21 de julho de 2008
todas as consciências
qual é sua missão?
qual é sua função?
competência é uma coisa
tão necessária
qual é sua missão?
qual é sua função?
a capacidade é um pássaro amarelo...
neste acampamento
a felicidade abra suas asas
a responsabilidade é exatamente indispensável
encontre um solo fértil em nosso tempo
qual a sua missão?
qual a sua função?
sem respeito os precipícios proliferam
encontre um solo fértil em nosso tempo
qual é sua função?
competência é uma coisa
tão necessária
qual é sua missão?
qual é sua função?
a capacidade é um pássaro amarelo...
neste acampamento
a felicidade abra suas asas
a responsabilidade é exatamente indispensável
encontre um solo fértil em nosso tempo
qual a sua missão?
qual a sua função?
sem respeito os precipícios proliferam
encontre um solo fértil em nosso tempo
domingo, 20 de julho de 2008
seus livros podem lhe esperar
o sol desce a montanha
você vai deixando a cama
como uma tartaruga você entra no mar
seus livros podem lhe esperar
chegam ondas de outras mentes
hoje eu fiz uma canção pro sol
nada mal é caminhar
um sentimento
sinaliza no seu coração
ele quer saber o que está atrás do horizonte...
outras pessoas
passam por você sorrindo
elas também não se sentem sozinhas
você vai deixando a cama
como uma tartaruga você entra no mar
seus livros podem lhe esperar
chegam ondas de outras mentes
hoje eu fiz uma canção pro sol
nada mal é caminhar
um sentimento
sinaliza no seu coração
ele quer saber o que está atrás do horizonte...
outras pessoas
passam por você sorrindo
elas também não se sentem sozinhas
sábado, 19 de julho de 2008
safra baby
safra entre as cenouras
com olhos de sonhadora
safra baby
voando para lá da challenger
a terna brisa rural
a paz em solo firme
e longe a capital
num clima de doidice
à luz das hortaliças
a lua foi surgindo
como uma cientista
e embrapa meiga ouvia
a nutridora cantiga
da soja na caatinga
safra baby então escreveu
um poema pouco maior
que a palavra sarajevo
- oh o canto da patativa
com olhos de sonhadora
safra baby
voando para lá da challenger
a terna brisa rural
a paz em solo firme
e longe a capital
num clima de doidice
à luz das hortaliças
a lua foi surgindo
como uma cientista
e embrapa meiga ouvia
a nutridora cantiga
da soja na caatinga
safra baby então escreveu
um poema pouco maior
que a palavra sarajevo
- oh o canto da patativa
sexta-feira, 18 de julho de 2008
1. Ó EZÊNCIA!
detroit
digo em todos os onze deltas
em todos os cinco casos
quero ângulos iguais aos dela
pro meu algastrigo
o nome do meu cinema...
sou bom no himalaia
e as baleias são nove
em telepatia com as musas
eu nasci no dia dez de uma manhã real
com os olhos iguais aos da grécia
olhando pra via láctea
por sinal
eulhe trouxe um presentchpecial
ó ezência
pêssegos espaciais
tá vendo aquela constelação?
eu tenho um restaurante lá
digo em todos os onze deltas
em todos os cinco casos
quero ângulos iguais aos dela
pro meu algastrigo
o nome do meu cinema...
sou bom no himalaia
e as baleias são nove
em telepatia com as musas
eu nasci no dia dez de uma manhã real
com os olhos iguais aos da grécia
olhando pra via láctea
por sinal
eulhe trouxe um presentchpecial
ó ezência
pêssegos espaciais
tá vendo aquela constelação?
eu tenho um restaurante lá
quinta-feira, 17 de julho de 2008
2. PÔ-IMÃ
eu sou a soja e tal
a banana madura e doce
o arroz integral
este pô-imã
é uma homenagem
ao povo de israel
e aos árabes
parece refresco mas
meu mar não é de papel
é que é tão azul o céu
a banana madura e doce
o arroz integral
este pô-imã
é uma homenagem
ao povo de israel
e aos árabes
parece refresco mas
meu mar não é de papel
é que é tão azul o céu
quarta-feira, 16 de julho de 2008
3. LUAGOSTA
pelo gostoso espaço
vai a lagosta
gosto da lua
do seu mar imenso
povoado luar
do seu magnético canto
que é meu country
vem do estrelado mar
és luminosa algaroba
eu te vejo do automóvel agora
doce sinal de trânsito
sempre verde pra quem namora
vai a lagosta
gosto da lua
do seu mar imenso
povoado luar
do seu magnético canto
que é meu country
vem do estrelado mar
és luminosa algaroba
eu te vejo do automóvel agora
doce sinal de trânsito
sempre verde pra quem namora
terça-feira, 15 de julho de 2008
4. VEN VON ONE
nós dois na cama
pra lá e pra cá
cantando em sânscrito
minha aromática índia e eu
o brasil é de virgem
e se prepara para falar de sexo
já na bandeira o dourado
intraviajandunutempo
cada vez mais próximos
os belos ladrões
que roubarão a terra do escuro
oh sergipe
faça um melhor refrigerante!
nota de roda-pé
geraldo urano, também conhecido por mérkur ou efe, é cratense e de gêmeos. autor de "vaga-lumes" e uma porrada de livros inéditos, mas não tem a preocupação de publicá-los. seu poema é do universo ou da nave terra.
Obs.: Série de poemas, sob o título "4 pô-imãs de Geraldo Urano", publicada no jornal Folha de Piqui, nº 5, janeiro de 1985.
pra lá e pra cá
cantando em sânscrito
minha aromática índia e eu
o brasil é de virgem
e se prepara para falar de sexo
já na bandeira o dourado
intraviajandunutempo
cada vez mais próximos
os belos ladrões
que roubarão a terra do escuro
oh sergipe
faça um melhor refrigerante!
nota de roda-pé
geraldo urano, também conhecido por mérkur ou efe, é cratense e de gêmeos. autor de "vaga-lumes" e uma porrada de livros inéditos, mas não tem a preocupação de publicá-los. seu poema é do universo ou da nave terra.
Obs.: Série de poemas, sob o título "4 pô-imãs de Geraldo Urano", publicada no jornal Folha de Piqui, nº 5, janeiro de 1985.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Caririal
Quando a África do Sul se fizer em azul africano. Quando forem desarmados e nascidos da coragem. Quando o céu e o sol forem vistos no sal e na rosa. Quando você souber porque sabe. Quando todos os ventos cantarem o mesmo rumo. Quando a Luz for o Senhor dos árabes. Quando o centro circundar pelas margens. Quando ele tornar translúcida sua miragem. Quando os raios de Irmingard, a Inocência, não forem contrariados no seio das perólas. Quando os líderes puderem viajar... em paz. Quando a educação falar novamente de fadas aos traseuntes. Quando pudermos pintar como artista da verdade, o Universo em cores dignas.
* Publicado no jornal Folha de Piqui, nº 01, agosto/setembro de 1983.
* Publicado no jornal Folha de Piqui, nº 01, agosto/setembro de 1983.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
craterdã
Regente japonês, guardião do Japão. Saúde para o ocidente sorrir. Singelo. Festagrafável pelo oriente. E viva o charme do siamês telepático. Torquathermeto cabralclaro. Pequim dourada. Formosanjo Erda. Terra Virgem Constelaçante ou Constelação de Virgem. Brasil, agora! Arara polar e pingüim tropical. Samambaia e mambo e samba e rumba. E reze uma Ave-Maria ardente para Janis Joplin em novembro. As seis da tarde na hora do Ângelo. Na quinta ou na sexta. Ou na segunda. Sucesso Imortal do Espírito.
Nota: Texto de Geraldo Urano que, na época, meados de 1983, assinava Mérkur. Publicado na página 6 do primeiro número do Jornal Folha de Piqui.
Nota: Texto de Geraldo Urano que, na época, meados de 1983, assinava Mérkur. Publicado na página 6 do primeiro número do Jornal Folha de Piqui.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Ondátua*
encontrei
a estátua da liberdade
de noite
numa praia do caribe
deixou a américa de mansinho
pondo em seu lugar uma imitação
* Publicado no jornal Folha de Piqui, nº 3, março/abril de 1984
a estátua da liberdade
de noite
numa praia do caribe
deixou a américa de mansinho
pondo em seu lugar uma imitação
* Publicado no jornal Folha de Piqui, nº 3, março/abril de 1984
terça-feira, 8 de julho de 2008
paulo paulo*
paulo paulo
o que tu persegues?
capital do meu amor
são paulo boy
fabrique uma esferográfica pra mim
só para eu escrever pra ti
dizendo coisas assim
a verdade manda e fim
*Publicado no jornal Folha de Piqui, agosto/setembro de 1983
o que tu persegues?
capital do meu amor
são paulo boy
fabrique uma esferográfica pra mim
só para eu escrever pra ti
dizendo coisas assim
a verdade manda e fim
*Publicado no jornal Folha de Piqui, agosto/setembro de 1983
segunda-feira, 7 de julho de 2008
os anjos abençoem a nossa casa
em meu banjo vou tocar pra vocês
vamos para o bairro chinês
lá mora um português
que me tirou de uma enrrascada uma vez
lá vem a nossa amiga
formosa flor do paquistão
confúcio buda e seres elevados
san francisco na américa
e são francisco da itália
tem gente que aponta fuzil
eu quero é um beijo dela
no planalto central do brasil
em meu banjo vou tocar pra vocês
vamos para o bairro chinês
lá mora um português
que me tirou de uma enrrascada uma vez
lá vem a nossa amiga
formosa flor do paquistão
confúcio buda e seres elevados
san francisco na américa
e são francisco da itália
tem gente que aponta fuzil
eu quero é um beijo dela
no planalto central do brasil
domingo, 6 de julho de 2008
marfim amaralina
com um charme de sucesso
o crepúsculo tropical
beleza belal
o fogo da mãe nacional
o sol a dançar
a terra genialmente girando
rosa a se abrir
ninguém apaga esse azul
alô cruzeiro do sul
ouvir dylan ou ver niemayer
tupan é o rei daqui
no mar a linha do horizonte
belo horizonte saudades de ti
áfrica quero teu calor tua luz
meu amor antes de marfim
do que de isopor
e o infinito continua sem fim
meu corpo é meu jeans
com um charme de sucesso
o crepúsculo tropical
beleza belal
o fogo da mãe nacional
o sol a dançar
a terra genialmente girando
rosa a se abrir
ninguém apaga esse azul
alô cruzeiro do sul
ouvir dylan ou ver niemayer
tupan é o rei daqui
no mar a linha do horizonte
belo horizonte saudades de ti
áfrica quero teu calor tua luz
meu amor antes de marfim
do que de isopor
e o infinito continua sem fim
meu corpo é meu jeans
sexta-feira, 4 de julho de 2008
ovo-lua*
ovo-lua
no ninho branco e dourado
em pleno ar
oh não posso te levar
para aquela
menininha do harlen brincar
pepita negra a brilhar
meu coração mergulha
num cha cha cha
criança é grande como mar
o mar tem um jeito infantil
são bem parecidos
menina e mar
mar e menina
terra galinha linda
ovo-lua
*Publicado na Revista Itaytera, nº 27, 1983.
no ninho branco e dourado
em pleno ar
oh não posso te levar
para aquela
menininha do harlen brincar
pepita negra a brilhar
meu coração mergulha
num cha cha cha
criança é grande como mar
o mar tem um jeito infantil
são bem parecidos
menina e mar
mar e menina
terra galinha linda
ovo-lua
*Publicado na Revista Itaytera, nº 27, 1983.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
ave terra*
rapadura é dura e doce
a verdade é assim
o verão pousou na paisagem
deixando no ar um brilho intenso
a intenção
de que não veio apenas
salpicar de sons...
ave nave terra mãe vaca
a casa de todas as cidades
um raio de vida
se apaixonou por mim
*Publicado na Revista Itaytera, nº 27, 1983.
a verdade é assim
o verão pousou na paisagem
deixando no ar um brilho intenso
a intenção
de que não veio apenas
salpicar de sons...
ave nave terra mãe vaca
a casa de todas as cidades
um raio de vida
se apaixonou por mim
*Publicado na Revista Itaytera, nº 27, 1983.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
terça-feira, 1 de julho de 2008
segunda-feira, 30 de junho de 2008
sábado, 28 de junho de 2008
morangocéu
não vou deixar de sonhar
olhando a neve tão linda
santa luzia que dia
a vista azul de amaralina
e no pólo sul as borboletas
enfeitam a avenida paulista
no corpo branco do inverno
passeia uma canção bonita
de lábios muito encarnados
morangocéu se explica
e no mar os holandeses
foram olhar as margaridas
bate o amor no peito
da espanha pelo sol
e lampião nas polinésias
com sua paixão baby mary
numa cena bonita
juntos por bangladesh
olhando a neve tão linda
santa luzia que dia
a vista azul de amaralina
e no pólo sul as borboletas
enfeitam a avenida paulista
no corpo branco do inverno
passeia uma canção bonita
de lábios muito encarnados
morangocéu se explica
e no mar os holandeses
foram olhar as margaridas
bate o amor no peito
da espanha pelo sol
e lampião nas polinésias
com sua paixão baby mary
numa cena bonita
juntos por bangladesh
sexta-feira, 27 de junho de 2008
cantar do jeito que posso
posso compreender
sua alegria e boa vontade não fazem mal a você
nem a água pura nem o amor do sol
nada é para sofrer pela sua mão a vida a correr
como dança o mar chuva faz crescer
cresça sem morrer morra pra nascer
o lírio é branco seu amor é luz
a pátria é bela se o mundo é feliz a gente quis
posso compreender
sua alegria e boa vontade não fazem mal a você
nem a água pura nem o amor do sol
nada é para sofrer pela sua mão a vida a correr
como dança o mar chuva faz crescer
cresça sem morrer morra pra nascer
o lírio é branco seu amor é luz
a pátria é bela se o mundo é feliz a gente quis
quinta-feira, 26 de junho de 2008
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Meu amigo Geraldo Urano
Perdão, por não está na altura da sua órbita
Logo agora que você quer ser rebaixado
Da sua condição de poeta
Mas quero dizer, meu amigo,
Você é a sua melhor poesia
Quando rasgou seus documentos
Cuspiu no banquete dos homens
Acendeu um incenso aos deuses
Cantou suas musas e atravessou a fronteira
Para nunca mais voltar
(Carlos Rafael Dias)
Perdão, por não está na altura da sua órbita
Logo agora que você quer ser rebaixado
Da sua condição de poeta
Mas quero dizer, meu amigo,
Você é a sua melhor poesia
Quando rasgou seus documentos
Cuspiu no banquete dos homens
Acendeu um incenso aos deuses
Cantou suas musas e atravessou a fronteira
Para nunca mais voltar
(Carlos Rafael Dias)
a visão do ancião
contente como passarinho cantando em alta antena
abrindo o mapa no quarto
aquelas terras são pássaros chorando as suas penas
quando antártida era pequena
seu tio um beduíno fez uma longa viagem
disse não leiam violência onde está violeta
quando voltou tudo ficara escuro
onde estava violeta tinham lido violência
era uma estranha cena
nas ruas os corvos pregando a misericórdia
e eu me lembrei dos dias tranquilos de ipanema
ainda veremos livres as emas
contente como passarinho cantando em alta antena
abrindo o mapa no quarto
aquelas terras são pássaros chorando as suas penas
quando antártida era pequena
seu tio um beduíno fez uma longa viagem
disse não leiam violência onde está violeta
quando voltou tudo ficara escuro
onde estava violeta tinham lido violência
era uma estranha cena
nas ruas os corvos pregando a misericórdia
e eu me lembrei dos dias tranquilos de ipanema
ainda veremos livres as emas
terça-feira, 24 de junho de 2008
sei que as pessoas são tão lindas
eu hoje me senti sozinho
sei que as pessoas são tão lindas
nenhum sinal do espaço
na rosa da minha mão
para onde eu fui meu amor
e o que foi que eu fiz
sem um sorriso eu vou pensando
em quem morreu na prisão
lá fora o sol estende a mão
meu amor
eu vou passando até amanhã
sei que as pessoas são tão lindas
nenhum sinal do espaço
na rosa da minha mão
para onde eu fui meu amor
e o que foi que eu fiz
sem um sorriso eu vou pensando
em quem morreu na prisão
lá fora o sol estende a mão
meu amor
eu vou passando até amanhã
domingo, 22 de junho de 2008
a praia é um país perto do mar
manhã cor-de-rosa
pô-imã do tempo
e uma das rosas do vento
na rua a chuva caminha
mostrando seu rosto molhado
a chuva é um estado
a praia é um país perto do mar
o mar tem suas estrelas
estrelas-do-mar
pô-imã do tempo
e uma das rosas do vento
na rua a chuva caminha
mostrando seu rosto molhado
a chuva é um estado
a praia é um país perto do mar
o mar tem suas estrelas
estrelas-do-mar
sexta-feira, 20 de junho de 2008
quinta-feira, 19 de junho de 2008
segunda-feira, 16 de junho de 2008
se eu quiser fico de noite
nos dias contemporâneos
passam ônibus
voam borboletas sem conta
são os sonhos
nos olhos da cidade
se eu quiser fico de noite
só para ver a lua
as ondas são balançadores
e os barcos meninos nadadores
que canção em inglês vai me dizer bom dia
passam ônibus
voam borboletas sem conta
são os sonhos
nos olhos da cidade
se eu quiser fico de noite
só para ver a lua
as ondas são balançadores
e os barcos meninos nadadores
que canção em inglês vai me dizer bom dia
domingo, 15 de junho de 2008
era uma manhã com nuvens, pássaros
e árvores floridas
uma manhã musicada pela brisa
e as flores respondiam aos sorrisos
e os pássaros se aproximavam da gente
e a manhã era um pássaro
voando na felicidade da gente
e a gente tinha vida no verde das árvores
e nenhuma palavra feria o sol ou as nuvens
e a gente tinha aroma nas flores de toda cor
e a manhã era aroma e tu tão cheirosa
e teus cabelos em longos cachos
como cachos de luz dourada
e a luz do sol fazia o seu trabalho
na pele da gente na terra macia
na água brilhosa dos riachos
e árvores floridas
uma manhã musicada pela brisa
e as flores respondiam aos sorrisos
e os pássaros se aproximavam da gente
e a manhã era um pássaro
voando na felicidade da gente
e a gente tinha vida no verde das árvores
e nenhuma palavra feria o sol ou as nuvens
e a gente tinha aroma nas flores de toda cor
e a manhã era aroma e tu tão cheirosa
e teus cabelos em longos cachos
como cachos de luz dourada
e a luz do sol fazia o seu trabalho
na pele da gente na terra macia
na água brilhosa dos riachos
sábado, 14 de junho de 2008
Um ônibus atropelou o amor. A humildade afundou no mar. Restou a intolerância, tão mal aceita em todo lugar. Logo ela que deveria ser praticada até as últimas conseqüências. Ela late como um cão da humanidade. É como um sol cujos raios encontram sempre as janelas fechadas. Nas capitais e no interior as balas zunem sobre nossas cabeças. O mundo nunca foi tão bom e tão violento. A destruição pede passagem. Enquanto isso, as aparições de Nossa Senhora se multiplicam. O Dalai Lama fala de compaixão. Todo mundo chora por dentro. A evolução é apenas uma questão de enxergar cada vez mais. Se enxergarmos pouco é porque as trevas são espessas. Nossos olhos são pequenos e o nosso coração é duro. A dobradinha da vitória; tecnologia e sexo, não é tudo. O povo geme, emocionalmente falando. Falta ternura, falta carinho e afeição, nas famílias.
O sentido da vida é a doação. Precisamos nos doar. Sem isso, as traças invandem o guarda-roupa. A lua ainda é importante. Vamos olhá-la, e as florestas pedem proteção. Homens e animais são perseguidos. Os pássaros cruzam um céu cada vez mais negro. Mas é preciso ver o belo do mundo e rezar. Deus não nos abandona, quer apenas coisas dentro de si, e é preciso abençoam e salvam. É melhor ter a natureza como amiga do que como inimiga. Os alertas estão por toda parte. Só as canções não resolvem. A política deve colaborar e a diplomacia não é só para almoços e jantares. Todas essas palavras estavam no caderno de Juana. Com seus lindos pés ela caminhava na beira do mar ao lado de Chico, seu namoradinho de 15 anos. Ela já passa dos 30.
Chico, dizia ela: o amor é para os eleitos e a humildade para os grandes. Como somos pequenos, Chico, como somos pequenos. No céu, o planeta Vênus brilhava como que ouvindo a conversa e admirando a beleza do casal.
O sentido da vida é a doação. Precisamos nos doar. Sem isso, as traças invandem o guarda-roupa. A lua ainda é importante. Vamos olhá-la, e as florestas pedem proteção. Homens e animais são perseguidos. Os pássaros cruzam um céu cada vez mais negro. Mas é preciso ver o belo do mundo e rezar. Deus não nos abandona, quer apenas coisas dentro de si, e é preciso abençoam e salvam. É melhor ter a natureza como amiga do que como inimiga. Os alertas estão por toda parte. Só as canções não resolvem. A política deve colaborar e a diplomacia não é só para almoços e jantares. Todas essas palavras estavam no caderno de Juana. Com seus lindos pés ela caminhava na beira do mar ao lado de Chico, seu namoradinho de 15 anos. Ela já passa dos 30.
Chico, dizia ela: o amor é para os eleitos e a humildade para os grandes. Como somos pequenos, Chico, como somos pequenos. No céu, o planeta Vênus brilhava como que ouvindo a conversa e admirando a beleza do casal.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Carta a Luiz Adão (II)
Crato, 25 de 08 de 1987.
Caro Amigo Luiz Adão.
Sou como uma bola de soprar cheia de átomos de urânio. E que esta nova segunda-feira novinha é mais um bebê nascido no apocalipse. Sei que não estou invicto e o peso do recente internamento, como o de uma jibóia imensa, ainda curva os meus 34 anos. As musas parecem dançar muito longe do mal e mentiroso poeta. O sol ilumina as pequenas e débeis bananeiras do quintal. Minha mãe varre a casa e eu paro para olhar. Ela e a santa imagem. E embora se fale das cores do Brasil e do vermelho da Espanha, que o mundo fumegue e os foguetes partam, a Terra ainda é azul. Um doce limão azul? Neste pequeno mundo de cidades enormes e bilhões de pessoas, a preocupação bate à minha porta- é uma velha companheira de infância. Jà tomei os remédios das 8hs.
Com um abraço,
Geraldo Urano
Caro Amigo Luiz Adão.
Sou como uma bola de soprar cheia de átomos de urânio. E que esta nova segunda-feira novinha é mais um bebê nascido no apocalipse. Sei que não estou invicto e o peso do recente internamento, como o de uma jibóia imensa, ainda curva os meus 34 anos. As musas parecem dançar muito longe do mal e mentiroso poeta. O sol ilumina as pequenas e débeis bananeiras do quintal. Minha mãe varre a casa e eu paro para olhar. Ela e a santa imagem. E embora se fale das cores do Brasil e do vermelho da Espanha, que o mundo fumegue e os foguetes partam, a Terra ainda é azul. Um doce limão azul? Neste pequeno mundo de cidades enormes e bilhões de pessoas, a preocupação bate à minha porta- é uma velha companheira de infância. Jà tomei os remédios das 8hs.
Com um abraço,
Geraldo Urano
quinta-feira, 12 de junho de 2008
ohio state
minha camiseta branca
com um zero azul
um zero artístico
ohio state
mas eu conversava
com uma garota do arizona
ohio state
em vermelho no peito
vermelho azul e branco
são as cores da américa
por mais que hollywood
deseje e até usa
ouvi dos seus lábios
são as cores da américa
ohio state
não há outra saída
para a terra
nossa cidade fraterna
irmã das outras terras
o universo é unido
ohio state
minha camiseta branca
com um zero azul
um zero artístico
minha camiseta branca
com um zero azul
um zero artístico
ohio state
mas eu conversava
com uma garota do arizona
ohio state
em vermelho no peito
vermelho azul e branco
são as cores da américa
por mais que hollywood
deseje e até usa
ouvi dos seus lábios
são as cores da américa
ohio state
não há outra saída
para a terra
nossa cidade fraterna
irmã das outras terras
o universo é unido
ohio state
minha camiseta branca
com um zero azul
um zero artístico
terça-feira, 10 de junho de 2008
Salute, poeteiro Geraldo Urano!
(Carlos Rafael)
O poeta completou 55 anos de vida
Fui visitá-lo na sua casa na vila novo horizonte
Ele não estava, pois está internado na casa de saúde santa teresa
Levei uvas, maçãs e tangerinas
Para presentear o poeta maior
Que faz cumpletaños hoje
O poeta é um ser sofrido, mas livre
Apesar de todo prontuário possível
Ele é livre sob quaisquer tortura e circunstância
Como o soldadinho-de-chumbo do araripe
Saltitante e cantante como os mais respeitados bluesmen do mississipi
Salve, salve, Geraldo Urano, poeta maior
Que fez da vida sua melhor poesia
E a escreveu num papiro incandescente
como um louco escriba
Em pleno delta do nilo
Que o poeta pelo menos sobreviva
Como sobrevive sua poesia
E que diante dele a vida imponha a pena
De sentimento e registro
O que se deixou de herança
Para as gerações passadas e futuras
Meu amigo e irmão de esquina
Do parque municipal e da quadra bicentenária
Boas as biritas sorvidas no Bar de Aderbal
Naqueles invencíveis anos oitenta
O poeta completou 55 anos de vida
Fui visitá-lo na sua casa na vila novo horizonte
Ele não estava, pois está internado na casa de saúde santa teresa
Levei uvas, maçãs e tangerinas
Para presentear o poeta maior
Que faz cumpletaños hoje
O poeta é um ser sofrido, mas livre
Apesar de todo prontuário possível
Ele é livre sob quaisquer tortura e circunstância
Como o soldadinho-de-chumbo do araripe
Saltitante e cantante como os mais respeitados bluesmen do mississipi
Salve, salve, Geraldo Urano, poeta maior
Que fez da vida sua melhor poesia
E a escreveu num papiro incandescente
como um louco escriba
Em pleno delta do nilo
Que o poeta pelo menos sobreviva
Como sobrevive sua poesia
E que diante dele a vida imponha a pena
De sentimento e registro
O que se deixou de herança
Para as gerações passadas e futuras
Meu amigo e irmão de esquina
Do parque municipal e da quadra bicentenária
Boas as biritas sorvidas no Bar de Aderbal
Naqueles invencíveis anos oitenta
sábado, 7 de junho de 2008
Prefácio do livro Vaga-Lumes, por Rosemberg Cariry
palavras de um companheiro. ceia de reencontro. cantiga de amizade. história das águas que jorram das nascentes da serra, das encostas do mundo, do vale do cariri.
falar de geraldo urano é falar de um amigo, de um companheiro com quem reparti momentos alegres e também difíceis na pré-história dos anos setenta. tempo de luta, de criação e de sonhos, apesar da ditadura. o poema destramelado na garganta, a voz e a poesia, chama de vida, nas praças e nos palcos. o coração do mundo para nós pulsava no cariri e mágico era o nosso mergulho naquele universo de serras verdes y águas claras y cheiro de buriti maduro y vozes do povo y do rugir dos séculos na língua acesa do sol.
crato/cratera, 1973/76. grupo de arte por exemplo. peças de teatro, exposições de arte, filmes, festivais de poesia e música. baião de todos. geraldo urano, luiz carlos salatiel, rosemberg cariry, deca, cleivan paiva, emerson monteiro, jackson bantim, bá freire, hugo, josé roberto frança, jefferson júnior, socorro sidrim, múrcio, paulinho, audízio e tantos outros. inumeráveis nomes, inumeráveis vozes, inumeráveis sonhos vivificados pelo signo do encontro, depois marcados pela diáspora imposta pelo fascismo militarista no poder. era "um tempo de guerra" e nós não sabíamos, enfeitávamos o brilho da nossa juventude com ramos de manjericão, enquanto muitos conheciam a tortura e a morte. caminhar é preciso, refaz-se a vida e a consciência. cinco anos é tempo de gestação. na "nação cariri" cresceu a semente do primeiro encontro, alargou-se a porteira da voz, firmou-se a certeza dos necessários passos junto ao povo. construção da luminura, luz, luzir, fogueira ardendo na noite, corações cariri abertos em perfume e claridade.
a partir do cariri, terra marcada pelas unhas da história, a poética de geraldo urano criou asas, rompeu cercas, ganhou o mundo, ensaiou o seu projeto de universalidade. muitos poemas viraram canções na voz de luiz carlos salatiel, pachelly jamacaru, cleivan paiva, bá freire, cirino e paulinho. na beleza dos seus versos estão os países, as cores dos povos, a semeadura do sonho, a busca da paz, a canção de amor. a poesia de geraldo não tem fronteiras, fala do mundo como quem fala do quintal da sua casa e do quitnal da sua casa como quem fala do mundo. em tudo uma marca inconfundível: o verso novo e inovador, a musicalidade das palavras que se entrelaçam como trepadeiras que escalam muros e desabrocham a flor nos cabelos das ruas; a ironia cortante que desaloja a ferrugem; a crítica audaz aos inimigos da vida; o imenso amor que o liga à natureza. sobretudo, seu canto de esperança no homem, sua fé na liberdade e no advento de uma sociedade de coletiva felicidade. um momento novo, jovem, audacioso e sereno, ao mesmo tempo. o poema enquanto possibilidade de vida, poesia farta de manga-rosa, jorro abundante de leite de vaca que pasta estrelas na boca da noite. via-láctea.
vaga-lumes é apenas um momento da poesia de geraldo urano, um piscar de luzes na escuridão. nós que conhecemos e acompanhamos a sua produção poética, esperamos também que ele nos brinde, qualquer dia destes, com um livro mais volumoso que reúna os muitos momentos da sua fértil e irreverente criação. algo assim como um prato de estrelas, servido na mesa da grande noite que pesa sobre a nação brasileira. festa em casa de camponês, quando o inverno é bom, quando se assenta a poeira do corpo, quando a consciência e a disposição revolucionária do povo é canção maior, falam mais alto que a voz dos tiranos e dos exploradores. viva a poesia. que badzé saiba desta simples oferenda.
falar de geraldo urano é falar de um amigo, de um companheiro com quem reparti momentos alegres e também difíceis na pré-história dos anos setenta. tempo de luta, de criação e de sonhos, apesar da ditadura. o poema destramelado na garganta, a voz e a poesia, chama de vida, nas praças e nos palcos. o coração do mundo para nós pulsava no cariri e mágico era o nosso mergulho naquele universo de serras verdes y águas claras y cheiro de buriti maduro y vozes do povo y do rugir dos séculos na língua acesa do sol.
crato/cratera, 1973/76. grupo de arte por exemplo. peças de teatro, exposições de arte, filmes, festivais de poesia e música. baião de todos. geraldo urano, luiz carlos salatiel, rosemberg cariry, deca, cleivan paiva, emerson monteiro, jackson bantim, bá freire, hugo, josé roberto frança, jefferson júnior, socorro sidrim, múrcio, paulinho, audízio e tantos outros. inumeráveis nomes, inumeráveis vozes, inumeráveis sonhos vivificados pelo signo do encontro, depois marcados pela diáspora imposta pelo fascismo militarista no poder. era "um tempo de guerra" e nós não sabíamos, enfeitávamos o brilho da nossa juventude com ramos de manjericão, enquanto muitos conheciam a tortura e a morte. caminhar é preciso, refaz-se a vida e a consciência. cinco anos é tempo de gestação. na "nação cariri" cresceu a semente do primeiro encontro, alargou-se a porteira da voz, firmou-se a certeza dos necessários passos junto ao povo. construção da luminura, luz, luzir, fogueira ardendo na noite, corações cariri abertos em perfume e claridade.
a partir do cariri, terra marcada pelas unhas da história, a poética de geraldo urano criou asas, rompeu cercas, ganhou o mundo, ensaiou o seu projeto de universalidade. muitos poemas viraram canções na voz de luiz carlos salatiel, pachelly jamacaru, cleivan paiva, bá freire, cirino e paulinho. na beleza dos seus versos estão os países, as cores dos povos, a semeadura do sonho, a busca da paz, a canção de amor. a poesia de geraldo não tem fronteiras, fala do mundo como quem fala do quintal da sua casa e do quitnal da sua casa como quem fala do mundo. em tudo uma marca inconfundível: o verso novo e inovador, a musicalidade das palavras que se entrelaçam como trepadeiras que escalam muros e desabrocham a flor nos cabelos das ruas; a ironia cortante que desaloja a ferrugem; a crítica audaz aos inimigos da vida; o imenso amor que o liga à natureza. sobretudo, seu canto de esperança no homem, sua fé na liberdade e no advento de uma sociedade de coletiva felicidade. um momento novo, jovem, audacioso e sereno, ao mesmo tempo. o poema enquanto possibilidade de vida, poesia farta de manga-rosa, jorro abundante de leite de vaca que pasta estrelas na boca da noite. via-láctea.
vaga-lumes é apenas um momento da poesia de geraldo urano, um piscar de luzes na escuridão. nós que conhecemos e acompanhamos a sua produção poética, esperamos também que ele nos brinde, qualquer dia destes, com um livro mais volumoso que reúna os muitos momentos da sua fértil e irreverente criação. algo assim como um prato de estrelas, servido na mesa da grande noite que pesa sobre a nação brasileira. festa em casa de camponês, quando o inverno é bom, quando se assenta a poeira do corpo, quando a consciência e a disposição revolucionária do povo é canção maior, falam mais alto que a voz dos tiranos e dos exploradores. viva a poesia. que badzé saiba desta simples oferenda.
Rosemberg Cariry
cidadadela de nuestra señora del assución, capital da província pré-histórica do siará grande, no mês de abril (flores e povo nas ruas. diretas já), no ano difícil de mil novecentos e oitenta e quatro.
terça-feira, 3 de junho de 2008
mulheres da china
deixem passar as suaves mulheres da china
vejam que lindo o mar do rio de janeiro
nele vão se banhar as meigas mulheres da china
que avião é aquele? é um avião chinês
deixem que a china mostre
ela sabe como é que faz
que sol é aquele que vem iluminando tudo?
é o sol chinês
e vamos todos galopando
é o galope da alvorada
ó deixem essa coisa linda passar
ela é uma coisa que não engana
vejam que lindo o mar do rio de janeiro
nele vão se banhar as meigas mulheres da china
que avião é aquele? é um avião chinês
deixem que a china mostre
ela sabe como é que faz
que sol é aquele que vem iluminando tudo?
é o sol chinês
e vamos todos galopando
é o galope da alvorada
ó deixem essa coisa linda passar
ela é uma coisa que não engana
sábado, 31 de maio de 2008
quinta-feira, 29 de maio de 2008
pela metade
a tarde
está pela metade
como a coca-cola
no copo eu também
estou pela metade
o cigarro
está pela metade
deus está pela metade
joguei fora a coca-cola
joguei fora eu mesmo
e o violão
que nunca soube cantar
está pela metade
como a coca-cola
no copo eu também
estou pela metade
o cigarro
está pela metade
deus está pela metade
joguei fora a coca-cola
joguei fora eu mesmo
e o violão
que nunca soube cantar
sábado, 24 de maio de 2008
navegando entre peixes mortos
no mar azul alemão dos seus olhos.
a bandeira dos shampoos tremulando
na fortaleza dos teus cabelos.
nenhuma esperança
no peito das holandesas
marchando em ordem certa
para a mesa.
mas uma onda
se levanta no mar do tempo
goodbye senhores
goodbye.
com creme de leite mastiguem bem
é o último pedaço de bolo.
goodbye
uma onda se levanta no mar do tempo.
----
Este poema faz parte do livro "Vaga-Lumes" e foi musicado por Pachelly Jamacaru e Audísio Gomes (Tapioca).
no mar azul alemão dos seus olhos.
a bandeira dos shampoos tremulando
na fortaleza dos teus cabelos.
nenhuma esperança
no peito das holandesas
marchando em ordem certa
para a mesa.
mas uma onda
se levanta no mar do tempo
goodbye senhores
goodbye.
com creme de leite mastiguem bem
é o último pedaço de bolo.
goodbye
uma onda se levanta no mar do tempo.
----
Este poema faz parte do livro "Vaga-Lumes" e foi musicado por Pachelly Jamacaru e Audísio Gomes (Tapioca).
terça-feira, 20 de maio de 2008
Roda de Pavão
Nos tempos da banda Fator RH (1988-1990), quando atuava como baterista-vocalista (dividindo os vocais com Lupeu), fui presenteado com uma música composta por Luiz Carlos Salatiel e Geraldo Urano, acho que exclusivamente pra mim, ou, pelo menos, pra banda: Roda de Pavão, que fez parte de todos shows protagonizados por nós, desde então.
A letra integra o livro Vaga-Lumes, de Geraldo Urano, editado pela Nação Cariri Editora, em 1984. (Carlos Rafael)
saiam todos da frente
nenhum de vocês é transparente
peguem o transporte mais próximo
e cheguem a algum lugar
não fiquem onde estão
fazendo roda de pavão
o inesperado
atravessa o caminho sem pensar
A letra integra o livro Vaga-Lumes, de Geraldo Urano, editado pela Nação Cariri Editora, em 1984. (Carlos Rafael)
saiam todos da frente
nenhum de vocês é transparente
peguem o transporte mais próximo
e cheguem a algum lugar
não fiquem onde estão
fazendo roda de pavão
o inesperado
atravessa o caminho sem pensar
sábado, 17 de maio de 2008
ó baby
bendito seja o teu pensamento
pensa em tuas irmãs
espalhadas pelos cantos
pensa na fraqueza das cidades
e na real necessidade
que o mundo tem de ti
a guerra
é contra a inutilidade
não contra a vida
sabes mais do eu
ó amor
são tempos duros
mas tempos bons
chama a força que habita em teu íntimo
pois ela é a vontade de deus
em nós todos
que são obstáculos
senão fantasminhas brincalhões
que na pior das hipóteses
nos reencaminham à justiça?
santo é o teu coração
abrindo parênteses
o pt ontem na televisão foi incrível
(Geraldo Urano)
bendito seja o teu pensamento
pensa em tuas irmãs
espalhadas pelos cantos
pensa na fraqueza das cidades
e na real necessidade
que o mundo tem de ti
a guerra
é contra a inutilidade
não contra a vida
sabes mais do eu
ó amor
são tempos duros
mas tempos bons
chama a força que habita em teu íntimo
pois ela é a vontade de deus
em nós todos
que são obstáculos
senão fantasminhas brincalhões
que na pior das hipóteses
nos reencaminham à justiça?
santo é o teu coração
abrindo parênteses
o pt ontem na televisão foi incrível
(Geraldo Urano)
sexta-feira, 16 de maio de 2008
a saudade incendeia a distância
já tão reduzida
pela tecnologia do pensamento
e deixar o vinho molhar
todo o desespero do continente
baby
eu só tenho estado em você ultimamente
as luzes do disco na sala
são de um tom contente
a arte e as garotas
têm evitado o fim principalmente
o mundo continua girando
nunca faltou um pouco de jazz
nos acontecimentos
a paixão é um aço feito de gotas de orvalho
baby
eu só tenho estado em você ultimamente
já tão reduzida
pela tecnologia do pensamento
e deixar o vinho molhar
todo o desespero do continente
baby
eu só tenho estado em você ultimamente
as luzes do disco na sala
são de um tom contente
a arte e as garotas
têm evitado o fim principalmente
o mundo continua girando
nunca faltou um pouco de jazz
nos acontecimentos
a paixão é um aço feito de gotas de orvalho
baby
eu só tenho estado em você ultimamente
quinta-feira, 15 de maio de 2008
de todos os povos chegam
para o teu seio acolhedor
como os graciosos movimentos de um peixe
seguem os teus ágeis pés
por caminhos precisos
e temos visões de realizações
e vamos
erguidos por teu fogo eletrônico
e danças em pleno deserto
a dança da vida
baby
a claridade romântica
do teu misterioso sorriso
faria-te mal
esta pobre canção desamparada?
deixa pois sonhar
o poeta incomodado com a falta
de um bom sorvete na lanchonete
para o teu seio acolhedor
como os graciosos movimentos de um peixe
seguem os teus ágeis pés
por caminhos precisos
e temos visões de realizações
e vamos
erguidos por teu fogo eletrônico
e danças em pleno deserto
a dança da vida
baby
a claridade romântica
do teu misterioso sorriso
faria-te mal
esta pobre canção desamparada?
deixa pois sonhar
o poeta incomodado com a falta
de um bom sorvete na lanchonete
quarta-feira, 14 de maio de 2008
hoje o dia amanheceu diferente
senti ao dar o primeiro passo
um hálito de garota no ar
não se pode ser inimigo da felicidade
quando as políticas
irão saber que é assim?
eu ouço os pássaros da janela
ainda que a floresta não esteja aqui
ah o meu amigo
tem que devolver o meu óculos
baleias estão namorando
é assim que deve ser
no atlântico sul
ora vejam aquela menina
o vento sopra os seus cabelos
ela parece consciente de si mesma
é acho que estou mesmo certo
um poema de nuvens vaguea no azul
Obs.: é vaguea ou vagueia? me diga, eu não estou sabendo. (geraldo urano)
senti ao dar o primeiro passo
um hálito de garota no ar
não se pode ser inimigo da felicidade
quando as políticas
irão saber que é assim?
eu ouço os pássaros da janela
ainda que a floresta não esteja aqui
ah o meu amigo
tem que devolver o meu óculos
baleias estão namorando
é assim que deve ser
no atlântico sul
ora vejam aquela menina
o vento sopra os seus cabelos
ela parece consciente de si mesma
é acho que estou mesmo certo
um poema de nuvens vaguea no azul
Obs.: é vaguea ou vagueia? me diga, eu não estou sabendo. (geraldo urano)
terça-feira, 13 de maio de 2008
segunda-feira, 12 de maio de 2008
saí na rua e achei nova yorque velha
meus caminhos são longos e tortos
aquela cidade não me impressiona mais
acho que o mundo está errado
mendigos por todo lado
qualquer lado que eu me vire
eu encontro alguém como eu
pobre astronauta do vazio do coração
o mundo está mais frio do que o inverno
a guerra está mais solta do que o vento
nada tem mais conteúdo
nada tem mais a ver do que tudo
talvez se nada mais existisse
mas como é bom tudo
meus caminhos são longos e tortos
aquela cidade não me impressiona mais
acho que o mundo está errado
mendigos por todo lado
qualquer lado que eu me vire
eu encontro alguém como eu
pobre astronauta do vazio do coração
o mundo está mais frio do que o inverno
a guerra está mais solta do que o vento
nada tem mais conteúdo
nada tem mais a ver do que tudo
talvez se nada mais existisse
mas como é bom tudo
sábado, 10 de maio de 2008
sábado, 3 de maio de 2008
quando o lençol azul do céu se recolheu
deixou cair uma chuva de cerveja
banhando corações de pedra
e olhos acinzentados e tristes
a guerra não escolhe onde
cada um tem seu passaporte para a agonia
a esquina está cheia de perigos
eu estou cansado
mamãe não vai mais fumar
o sol entrou em júpiter e nada aconteceu
o dia amanheceu belo e você nem se tocou
eu quero sorrir e o riso não vem
entre num cinema
talvez você esqueça um pouco
deixou cair uma chuva de cerveja
banhando corações de pedra
e olhos acinzentados e tristes
a guerra não escolhe onde
cada um tem seu passaporte para a agonia
a esquina está cheia de perigos
eu estou cansado
mamãe não vai mais fumar
o sol entrou em júpiter e nada aconteceu
o dia amanheceu belo e você nem se tocou
eu quero sorrir e o riso não vem
entre num cinema
talvez você esqueça um pouco
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Pelo tempo, em seu aspecto formal, astronômico, esta é uma noite de 3 de maio de 1986. A história, no entanto, sempre foi e sempre será um dinamismo complexo, sustentado por leis imutáveis. O objetivo da vida é a consciência progressiva de todas as formas da existência. A razão de todo existir é a perspectiva da consciência, seja um mineral, uma rosa, um partido político, uma civilização, uma estrela ou qualquer outro fato dentro ou não do nosso concebível. E nós? Em obediência às suas características, e de acordo com a lei do esforço, o Crato, como qualquer outra cidade, é um organismo coletivo com seu próprio processo de auto-superação. Pode existir, também um processo de estagnação, como produto anti-científico de uma sistemática aleatória. Até que ponto temos avançados numa psico-análise de nós mesmos? O que foi o Crato, ontem, está no subconsciente coletivo do Crato de hoje. A lógica assegura que tudo é uma continuidade. Em interação com essas experiências da cidade, em outros momentos ao longo da escala histórica; as recentes, oriundas do nosso atual consciente coletivo. Ressalte-se que a cidade também é percurtida pelo andamento da comunidade mundial, como célula da humanidade, e pelo comportamento do planeta em sua realidade físico-dinâmica, por indissociabilidade com a Terra. Amanhã, o Crato mesmo se auto-psicanalizará. E hoje, saberia responder por que os seus policiais são assim? É uma pergunta, e a resposta não pode ser simplória, dessas que se encontram à venda na turbulenta atmosfera do mundo contemporâneo. O Crato não tem sofrido, ultimamente, certos impactos, com os quais têm se defrontado e se defrontam várias cidades do Nordeste, como surtos de doenças e inudações. Há uma razão para o nosso não-desenvolvimento de solidariedade. Até que ponto não é um flagrante que questiona o nosso valor cultural? Até que ponto não traduz o nosso subdesenvolvimento numa prática essencial? A televisão, a todo instante, noticia mutirões por todo o país. E não nada gracioso reivindicar, por automático fruto de inércia, o zero no diagrama, multiracionalmente. Eis que é preciso levantar questões, sem violência, e com a compreensão abrir para o afeto das ondas de desenvolvimento, as praias de nossas lutas, sonho e trabalho. No mundo, a crise é generalizada, e, provalmente, beira o seu ponto crítico. A hora histórica vem falando, por todos os meios possíveis, a todas as comunidades para uma inadiável necessidade de transformação, sobretudo psicológicas. E, mesmo usando a linguagem dura das tragédias, acena para sermos mais espontâneos e harmonizados, a bem do nosso próprio futuro.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
complete aí
é bom pra nós
o sol
sua alegria
que ganha o dia
alô bom dia
e a rebeldia como é que está a estética?
vejo que você meu mundo
não está contente
e não é pelo sol poente
que nos deixa plangentes
é tão somente
pela falta de... complete aí
com o céu do cariri
essa pintura
brincando de colibri
apesar do frio e do fuyzil
creia na felicidade do anil
o sol
sua alegria
que ganha o dia
alô bom dia
e a rebeldia como é que está a estética?
vejo que você meu mundo
não está contente
e não é pelo sol poente
que nos deixa plangentes
é tão somente
pela falta de... complete aí
com o céu do cariri
essa pintura
brincando de colibri
apesar do frio e do fuyzil
creia na felicidade do anil
terça-feira, 22 de abril de 2008
sábado, 19 de abril de 2008
Serpentes na Noite, memória de uma canção
Por Carlos Rafael
No início dos anos noventa, reunimo-nos no apartamento de Salatiel, para assistir o documentário “blues”, de Valter Salles Jr., transmitido pela Rede Manchete. O documentário trazia depoimentos e performances de velhos blueseiros norte-americanos, todos desconhecidos da mídia. Maravilhados e no clima do documentário, decidimos esticar a noite no restaurante Pau do Guarda, para beber e papear (Geraldo Urano bebeu Cola-Cola, sua bebida preferida). Aquele documentário mexeu profundamente com a gente, pois não conseguíamos sair do êxtase que se instaurou naquela noite.
Quando cheguei em casa, já no início da madrugada, escrevi uma letra inspirada naquele acontecimento. No dia seguinte, bem cedo, entreguei-a a Geraldo, que passou uma semana para devolver-me cantarolada (Geraldo a compôs sem auxílio de instrumento musical, mas somente com o coração, memorizando a melodia).
A música, anos depois, em 1994, foi classificada no histórico CHAMA (Chapada Musical do Araripe), que aconteceu no antigo aeroporto do Crato, em cima da Serra. Foi defendida, numa bela noite de lua cheia, pela banda Nacacunda (Eu, voz; Marcos Leonel, Luís Carlos Saraiva e Calazans Callou, guitarras, Igor Rocha, baixo; Cacheado, bateria e Antonio Carlos, percussão, com participação de Dihelson Mendonça, no teclado).
Apresentamos a música na noite que Hermeto Pascoal e grupo se apresentaram. Por conta disso, encontramos, nos camarins, Itiberê Zwarg, Carlos Malta e Márcio Bahia, respectivamente baixista, saxofonista e baterista do grupo de Hermeto, com os quais conversamos animadamente por alguns momentos. Lembro de Itiberê revelando que a profissão de músico lhe presenteava momentos como aquele, “num lugar bonito como esse, apreciando essa deliciosa bebida” (Itiberê bebericava uma dose de Xá-de-Flor, cachaça temperada feita pelo alquimista Blandino Lobo).
Por conta dessa agradável memória, transcrevo a letra da música, intitulada Serpentes na Noite (uma referência ao signo do zodíaco chinês, que eu, Geraldo e Salatiel temos em comum).
Baby, quero lhe dizer algo importante
Quando mais se cresce menor se fica
É o doce mistério da vida
E não há outra saída
Que não seja a porta dos fundos
Por onde você também pode entrar
Somos serpentes na noite
E isso é um tanto perigoso
É muito bom!
Já tomamos de tudo
Mas nada nos pegou
Se você quer me ver feliz
Toque um pouco de blues
Pinte a vida de azul
Sim, eu sou apenas um cantor de blues
Levando a vida num pagode
Mas sei que sou um rapaz de sorte
E sei que a morte
É só o último acorde de um blues
No início dos anos noventa, reunimo-nos no apartamento de Salatiel, para assistir o documentário “blues”, de Valter Salles Jr., transmitido pela Rede Manchete. O documentário trazia depoimentos e performances de velhos blueseiros norte-americanos, todos desconhecidos da mídia. Maravilhados e no clima do documentário, decidimos esticar a noite no restaurante Pau do Guarda, para beber e papear (Geraldo Urano bebeu Cola-Cola, sua bebida preferida). Aquele documentário mexeu profundamente com a gente, pois não conseguíamos sair do êxtase que se instaurou naquela noite.
Quando cheguei em casa, já no início da madrugada, escrevi uma letra inspirada naquele acontecimento. No dia seguinte, bem cedo, entreguei-a a Geraldo, que passou uma semana para devolver-me cantarolada (Geraldo a compôs sem auxílio de instrumento musical, mas somente com o coração, memorizando a melodia).
A música, anos depois, em 1994, foi classificada no histórico CHAMA (Chapada Musical do Araripe), que aconteceu no antigo aeroporto do Crato, em cima da Serra. Foi defendida, numa bela noite de lua cheia, pela banda Nacacunda (Eu, voz; Marcos Leonel, Luís Carlos Saraiva e Calazans Callou, guitarras, Igor Rocha, baixo; Cacheado, bateria e Antonio Carlos, percussão, com participação de Dihelson Mendonça, no teclado).
Apresentamos a música na noite que Hermeto Pascoal e grupo se apresentaram. Por conta disso, encontramos, nos camarins, Itiberê Zwarg, Carlos Malta e Márcio Bahia, respectivamente baixista, saxofonista e baterista do grupo de Hermeto, com os quais conversamos animadamente por alguns momentos. Lembro de Itiberê revelando que a profissão de músico lhe presenteava momentos como aquele, “num lugar bonito como esse, apreciando essa deliciosa bebida” (Itiberê bebericava uma dose de Xá-de-Flor, cachaça temperada feita pelo alquimista Blandino Lobo).
Por conta dessa agradável memória, transcrevo a letra da música, intitulada Serpentes na Noite (uma referência ao signo do zodíaco chinês, que eu, Geraldo e Salatiel temos em comum).
Baby, quero lhe dizer algo importante
Quando mais se cresce menor se fica
É o doce mistério da vida
E não há outra saída
Que não seja a porta dos fundos
Por onde você também pode entrar
Somos serpentes na noite
E isso é um tanto perigoso
É muito bom!
Já tomamos de tudo
Mas nada nos pegou
Se você quer me ver feliz
Toque um pouco de blues
Pinte a vida de azul
Sim, eu sou apenas um cantor de blues
Levando a vida num pagode
Mas sei que sou um rapaz de sorte
E sei que a morte
É só o último acorde de um blues
sexta-feira, 18 de abril de 2008
' Viagem à Mauridérnia"-
By Socorro Moreira
"Já conheço os passos dessa estrada..."
Pois era lá que eu morava... justo nesta época! Os dois (Rafael e Geraldo) , foram bater lá em casa, numa hora que nem lembro... Pareciam descomprometidos com qualquer missão... Estavam ébrios de vida: música e poesia!
Acho que fecharam a conta no Hotel São Damião, e se aninharam , no meu alpendre, onde rede e ventos, acolhiam sonhos e gentes!
Os dois se intimidaram na minha presença... Disseram pouco... Não ouvi nenhuma loa, que expressasse o momento... mas, a vontade que senti foi de adotá-los... Pena, que já eram filhos das mães... Uma delas, uma prima queridíssima por mim: Erice! Eita que saudades de Erice! Era doce de poesia! Um café com creme - a bruxinha mais querida do mundo! Imagina, se eu ia perder a oportunidade de adoçar a boca de Geraldo? E o Rafael ganhou a sobra de toda minha querência। Por isso talvez, esse menino (Rafael)... que ainda é um menino, pois nunca achei que cresceu! Crescer é deixar de ser criança... Crescer é perder... a ingênua beleza da infância! E é por tudo isso que a relação estre nós... sempre foi assim, meio tribal! Índios da tribo Cariri... com direito a Pajé, a Tupã, a cacique, com todos os aparatos, cores, flechas, arcos e curare!
Corações marcados e tatuados com o veneno benígno da boa camaradagem
"Já conheço os passos dessa estrada..."
Pois era lá que eu morava... justo nesta época! Os dois (Rafael e Geraldo) , foram bater lá em casa, numa hora que nem lembro... Pareciam descomprometidos com qualquer missão... Estavam ébrios de vida: música e poesia!
Acho que fecharam a conta no Hotel São Damião, e se aninharam , no meu alpendre, onde rede e ventos, acolhiam sonhos e gentes!
Os dois se intimidaram na minha presença... Disseram pouco... Não ouvi nenhuma loa, que expressasse o momento... mas, a vontade que senti foi de adotá-los... Pena, que já eram filhos das mães... Uma delas, uma prima queridíssima por mim: Erice! Eita que saudades de Erice! Era doce de poesia! Um café com creme - a bruxinha mais querida do mundo! Imagina, se eu ia perder a oportunidade de adoçar a boca de Geraldo? E o Rafael ganhou a sobra de toda minha querência। Por isso talvez, esse menino (Rafael)... que ainda é um menino, pois nunca achei que cresceu! Crescer é deixar de ser criança... Crescer é perder... a ingênua beleza da infância! E é por tudo isso que a relação estre nós... sempre foi assim, meio tribal! Índios da tribo Cariri... com direito a Pajé, a Tupã, a cacique, com todos os aparatos, cores, flechas, arcos e curare!
Corações marcados e tatuados com o veneno benígno da boa camaradagem
Parque Municipal, anos 90
quinta-feira, 17 de abril de 2008
corte de pedra das matas do sul
sangue do meu colibri
letra lata guarani
um copo perdido em refrigerante
de doce gramatical amargas ondas irrigantes
giram a roda gigante
passam os gaiteiros tocando o hollywood
na laringe do vento
o choro do meu manequim
doce égua pelos pampas a lua corria
quase que eu viro lobo outro dia
a cidade só tem uma banda
sangue do meu colibri
letra lata guarani
um copo perdido em refrigerante
de doce gramatical amargas ondas irrigantes
giram a roda gigante
passam os gaiteiros tocando o hollywood
na laringe do vento
o choro do meu manequim
doce égua pelos pampas a lua corria
quase que eu viro lobo outro dia
a cidade só tem uma banda
terça-feira, 15 de abril de 2008
Prefácio do livro O Belo e a Fera (cantigas) - 1989
O poeta chega ao dia em que desperta e tem a certeza de que nunca adormecera. Olha o Sol e inicia um caminho de alguns poucos passos para beber na fonte cuja água lhe molha os pés, enquanto no peito dói a ânsia de sobrevoar o Universo, sem pátria e muito menos pouso certo.
Uma manhã de junho. Na Serra, esperança afoita, donde trinam pássaros coloridos, nas flanelas das bananeiras. O gado pasta indiferente ao triturar das moendas dos engenhos em começo de moagem. E as águas descem gorgolejantes as lajes da Cascata.
Frio bom, brisa gostosa e a música do estio. Uma solidão cúmplice a falar de planos maiores em elaboração na mente de Deus. O homem e a espera, qual centauro que abrisse os olhos pela primeira vez. Vê o Vale que desce das encostas, indo repousar lá embaixo, nas cidades esdrúxulas; minuto que voam em farejo do novo que nasceu.
O Cariri traz, em Geraldo Lima Batista, a escrita da renovação, mais do que poesia, vigília e certeza, aviso de preparação do Futuro.
José Emerson Monteiro Lacerda
Uma manhã de junho. Na Serra, esperança afoita, donde trinam pássaros coloridos, nas flanelas das bananeiras. O gado pasta indiferente ao triturar das moendas dos engenhos em começo de moagem. E as águas descem gorgolejantes as lajes da Cascata.
Frio bom, brisa gostosa e a música do estio. Uma solidão cúmplice a falar de planos maiores em elaboração na mente de Deus. O homem e a espera, qual centauro que abrisse os olhos pela primeira vez. Vê o Vale que desce das encostas, indo repousar lá embaixo, nas cidades esdrúxulas; minuto que voam em farejo do novo que nasceu.
O Cariri traz, em Geraldo Lima Batista, a escrita da renovação, mais do que poesia, vigília e certeza, aviso de preparação do Futuro.
José Emerson Monteiro Lacerda
domingo, 13 de abril de 2008
(carta a Luiz Adão)
Crato, 26 de 08 de 1987.
Caro Amigo Luiz Adão.
O mundo parece não dançar com as danças do mundo. E as minhas pernas em verdade parecem de pau. Meu sono é o de uma velha árvore desfolhada, dessas que não viram pássaros nem sorriso em volta de crianças. Sim, o meu cigarro queima como as florestas do vietnã, embora os dias já tenham enganado o relógio. Meu nome Urano já não é uma rede que me tire das águas pantanosas e o fio dental apenas resseca a minha memória. Não sei que geração me arranha entre os arranha-céus do grande jogo da humanidade. Sinto-me sem afeto e o açúcar perdeu-se nos canaviais. Resta a folha da cana que me corta o estar desperto. E o ribombar incômodo da calmaria cotidiana. Meu pai chega com dois pacotes de tang, o dos astronaustas; da Cooperativa dos Bancários. Enquanto minha mãe lendo uma revista diz que São Cipriano ainda foi bispo. Viveu numa época de perseguição como a nossa. A fita da máquina ainda está boa, respondo a papai.
Com um abraço:
Geraldo Urano
Caro Amigo Luiz Adão.
O mundo parece não dançar com as danças do mundo. E as minhas pernas em verdade parecem de pau. Meu sono é o de uma velha árvore desfolhada, dessas que não viram pássaros nem sorriso em volta de crianças. Sim, o meu cigarro queima como as florestas do vietnã, embora os dias já tenham enganado o relógio. Meu nome Urano já não é uma rede que me tire das águas pantanosas e o fio dental apenas resseca a minha memória. Não sei que geração me arranha entre os arranha-céus do grande jogo da humanidade. Sinto-me sem afeto e o açúcar perdeu-se nos canaviais. Resta a folha da cana que me corta o estar desperto. E o ribombar incômodo da calmaria cotidiana. Meu pai chega com dois pacotes de tang, o dos astronaustas; da Cooperativa dos Bancários. Enquanto minha mãe lendo uma revista diz que São Cipriano ainda foi bispo. Viveu numa época de perseguição como a nossa. A fita da máquina ainda está boa, respondo a papai.
Com um abraço:
Geraldo Urano
quinta-feira, 10 de abril de 2008
a arte da certeza
laser lírico das íris contemporâneas
ninguém se cansa
uma gargalhada é um elixir
e a baby solidão
um caminho de fogo entre as geleiras
liberando imagens
com a arte da certeza
abismos só os marinhos
coloridos primos das alturas sãs
és a flor que na praça espelhas
os aviões em tons de seda
e a plástica das sereias
na dureza da razão dos vídeos
terça-feira, 8 de abril de 2008
quem deterá os oceanos?
domingo, 6 de abril de 2008
a arca do amor
garota da funabem
eu sou de tropicalu
eu estava na encetur
quando você passou
nuvem do sul
torcedor que sou
dos tons de azul
horas depois
sua imagem surgiu ao meu lado
em acordes nisseis
afinal este é um país
com graça e cultura
e eu vascainês
como me disseram na dinamarca
vem aí um filme com a terra
a arca de amor
eu sou de tropicalu
eu estava na encetur
quando você passou
nuvem do sul
torcedor que sou
dos tons de azul
horas depois
sua imagem surgiu ao meu lado
em acordes nisseis
afinal este é um país
com graça e cultura
e eu vascainês
como me disseram na dinamarca
vem aí um filme com a terra
a arca de amor
sexta-feira, 4 de abril de 2008
recado
abra sua blusa para o sol
caia na piscina das novas idéias
e vênus pelo céu
brilha na nudez da madrugada
de la paz na bolívia
a cidade mais alta do mundo
estou mandando pelo trem do vento
um recado pra você
não se apavore
são os anos oitenta que estão pintando
___
Pelo tom cronológico, essa é do início dos anos de 1980.
Detalhe: no original, datilografado em uma folha pautada de caderno escolar pequeno, uma anotação feita em esferográfica azul pelo autor: (musicada).
Por quem?
caia na piscina das novas idéias
e vênus pelo céu
brilha na nudez da madrugada
de la paz na bolívia
a cidade mais alta do mundo
estou mandando pelo trem do vento
um recado pra você
não se apavore
são os anos oitenta que estão pintando
___
Pelo tom cronológico, essa é do início dos anos de 1980.
Detalhe: no original, datilografado em uma folha pautada de caderno escolar pequeno, uma anotação feita em esferográfica azul pelo autor: (musicada).
Por quem?
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Comentário sobre comentário de Marcos Leonel
Marcos Leonel - poeta, músico e professor de literatura, além de ser um dos membros desta neotribo cariri, da qual Geraldo Urano é um dos pajés - tem todas as credenciais para expressar uma abalizada análise sobre a obra do poeta.
E ele o fez, sobre o poema "mulher de azul", postado neste blog:
Antes de qualquer coisa, vale ressaltar uma das dívidas pagas para com esse poeta, ele precisa ser lido por mais leitores, com novos olhares, e esse blog faz justiça à importância desse poeta. Embora a sua produção seja desigual, esse é sem dúvidas o poema mais genial, mais original e mais consistente de Geraldo Urano, poeta que mudou tanto de nome e tão pouco de estilo. Esse poema é para ficar para sempre.
Pois bem, não há como discordar de Marcos Leonel, pois ele tá repleto de razões:
1ª) Ele (Geraldo Urano) é credor de uma dívida: sua obra é pouca conhecida e precisa ser mais divulgada;
2ª) A produção poética de Geraldo é desigual, pois ele nunca se preocupou em editá-la, mas sim produzir ininterruptamente na sua fase de maior criatividade (ou possibilidade de criar), que foi, sem dúvida o período que vai de meados da década de 1970 a meados da década de 1980. Por isso, a sua precupação era muito mais de expressar sentimentos e imagens do que modelar idéias e valores estéticos;
3ª) Geraldo foi um poeta que mudou muito de nome e pouco de estilo, apesar de que nesse monocromatismo ou minimalismo literário ser possível perceber uma grande variação estilística;
4ª) E, por fim, esse poema comentado por Marcos é realmente duca... genial, sensacional, que veio para ficar, sempre.
Carlos Rafael
E ele o fez, sobre o poema "mulher de azul", postado neste blog:
Antes de qualquer coisa, vale ressaltar uma das dívidas pagas para com esse poeta, ele precisa ser lido por mais leitores, com novos olhares, e esse blog faz justiça à importância desse poeta. Embora a sua produção seja desigual, esse é sem dúvidas o poema mais genial, mais original e mais consistente de Geraldo Urano, poeta que mudou tanto de nome e tão pouco de estilo. Esse poema é para ficar para sempre.
Pois bem, não há como discordar de Marcos Leonel, pois ele tá repleto de razões:
1ª) Ele (Geraldo Urano) é credor de uma dívida: sua obra é pouca conhecida e precisa ser mais divulgada;
2ª) A produção poética de Geraldo é desigual, pois ele nunca se preocupou em editá-la, mas sim produzir ininterruptamente na sua fase de maior criatividade (ou possibilidade de criar), que foi, sem dúvida o período que vai de meados da década de 1970 a meados da década de 1980. Por isso, a sua precupação era muito mais de expressar sentimentos e imagens do que modelar idéias e valores estéticos;
3ª) Geraldo foi um poeta que mudou muito de nome e pouco de estilo, apesar de que nesse monocromatismo ou minimalismo literário ser possível perceber uma grande variação estilística;
4ª) E, por fim, esse poema comentado por Marcos é realmente duca... genial, sensacional, que veio para ficar, sempre.
Carlos Rafael
terça-feira, 1 de abril de 2008
restos de hollywood
sábado, 29 de março de 2008
mulher de azul
não vou matar a mulher de azul
que anda em todas as praias
e conhece todas as línguas
suas sete filhas estão na piscina
meus olhos se abrem
meu coração já não cabe mais na américa
e eu beijo a que em mim
mata o falso profeta
e me faz ver coisas da china
a mulher de azul
com seus cabelos de sol
e rosto de lua
quer vestir também de azul
todas essas meninas nuas
que morrem heroínas
e deixam os seus nomes nas ruas
quarta-feira, 26 de março de 2008
américa tua cintura me faz sonhar
carnaúba
cana cuba trem
foguete meu trenó
sou ingênuo engenhoso
a lua na maison de agosto
eu tenho gosto
trem pra cuba pelo ar
doce do mar
américa tua cintura
me faz sonhar
gravo a tua voz no disco solar
de amsterdã pra la paz
é uma ladeira danada
mamãe eu quero eu quero eu quero
eu quero jogar
nessas areias de açúcar queimado
de raios tropicais
terça-feira, 25 de março de 2008
quantas cidades
foi uma pequena cidade
hoje é crescida
caminhando escuto a voz dos muros
que em vários tons de tinta
anuncia os produtos de qualidade
e eu pergunto o que você sabe
das alegrias desconhecidas
dos homens de coração de qualidade
quantas cidades
milagres belfast dallas
da janela vejo um automóvel azul
com placa do cruzeiro do sul
baby eu tenho um defeito
que peguei com a filha do prefeito
fecho os olhos penso em deus
vou morrer com esse jeito
sábado, 22 de março de 2008
serenidade*
idade séria que tal serenidade
cantar na tal atualidade
com a nossa musicalidade
e o coração insiste na tal seriedade
só com música na tal cidade
itapuã itaparica tóquio tocantins
o sol do japão pegou um caminhão pro norte
corre o rio janeiro e o riso no carnaval
rosa de hiroshima não nasça no meu quintal
___
*Musicada por Cleivan Paiva e gravada no disco Guerra & Paz (Nação Cariri Discos, 1984)
sexta-feira, 14 de março de 2008
quinta-feira, 13 de março de 2008
mina amarela
quarta-feira, 12 de março de 2008
é praibaro proibir
difere
eu kedere dizer
vértice
isto é
é diferente
portanto
insubserviente
ué disse
eu todos nós
enseuqssomindependente
é praibaro proibir
proibido é proiboro
yes ualqual consença
lhante
palabrniêva
iknon mols encompridiéva
ik aliásle kedere azuzial
eu kedere dizer
vértice
isto é
é diferente
portanto
insubserviente
ué disse
eu todos nós
enseuqssomindependente
é praibaro proibir
proibido é proiboro
yes ualqual consença
lhante
palabrniêva
iknon mols encompridiéva
ik aliásle kedere azuzial
terça-feira, 11 de março de 2008
mr. mistério
segunda-feira, 10 de março de 2008
uirapuru
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