palavras de um companheiro. ceia de reencontro. cantiga de amizade. história das águas que jorram das nascentes da serra, das encostas do mundo, do vale do cariri.
falar de geraldo urano é falar de um amigo, de um companheiro com quem reparti momentos alegres e também difíceis na pré-história dos anos setenta. tempo de luta, de criação e de sonhos, apesar da ditadura. o poema destramelado na garganta, a voz e a poesia, chama de vida, nas praças e nos palcos. o coração do mundo para nós pulsava no cariri e mágico era o nosso mergulho naquele universo de serras verdes y águas claras y cheiro de buriti maduro y vozes do povo y do rugir dos séculos na língua acesa do sol.
crato/cratera, 1973/76. grupo de arte por exemplo. peças de teatro, exposições de arte, filmes, festivais de poesia e música. baião de todos. geraldo urano, luiz carlos salatiel, rosemberg cariry, deca, cleivan paiva, emerson monteiro, jackson bantim, bá freire, hugo, josé roberto frança, jefferson júnior, socorro sidrim, múrcio, paulinho, audízio e tantos outros. inumeráveis nomes, inumeráveis vozes, inumeráveis sonhos vivificados pelo signo do encontro, depois marcados pela diáspora imposta pelo fascismo militarista no poder. era "um tempo de guerra" e nós não sabíamos, enfeitávamos o brilho da nossa juventude com ramos de manjericão, enquanto muitos conheciam a tortura e a morte. caminhar é preciso, refaz-se a vida e a consciência. cinco anos é tempo de gestação. na "nação cariri" cresceu a semente do primeiro encontro, alargou-se a porteira da voz, firmou-se a certeza dos necessários passos junto ao povo. construção da luminura, luz, luzir, fogueira ardendo na noite, corações cariri abertos em perfume e claridade.
a partir do cariri, terra marcada pelas unhas da história, a poética de geraldo urano criou asas, rompeu cercas, ganhou o mundo, ensaiou o seu projeto de universalidade. muitos poemas viraram canções na voz de luiz carlos salatiel, pachelly jamacaru, cleivan paiva, bá freire, cirino e paulinho. na beleza dos seus versos estão os países, as cores dos povos, a semeadura do sonho, a busca da paz, a canção de amor. a poesia de geraldo não tem fronteiras, fala do mundo como quem fala do quintal da sua casa e do quitnal da sua casa como quem fala do mundo. em tudo uma marca inconfundível: o verso novo e inovador, a musicalidade das palavras que se entrelaçam como trepadeiras que escalam muros e desabrocham a flor nos cabelos das ruas; a ironia cortante que desaloja a ferrugem; a crítica audaz aos inimigos da vida; o imenso amor que o liga à natureza. sobretudo, seu canto de esperança no homem, sua fé na liberdade e no advento de uma sociedade de coletiva felicidade. um momento novo, jovem, audacioso e sereno, ao mesmo tempo. o poema enquanto possibilidade de vida, poesia farta de manga-rosa, jorro abundante de leite de vaca que pasta estrelas na boca da noite. via-láctea.
vaga-lumes é apenas um momento da poesia de geraldo urano, um piscar de luzes na escuridão. nós que conhecemos e acompanhamos a sua produção poética, esperamos também que ele nos brinde, qualquer dia destes, com um livro mais volumoso que reúna os muitos momentos da sua fértil e irreverente criação. algo assim como um prato de estrelas, servido na mesa da grande noite que pesa sobre a nação brasileira. festa em casa de camponês, quando o inverno é bom, quando se assenta a poeira do corpo, quando a consciência e a disposição revolucionária do povo é canção maior, falam mais alto que a voz dos tiranos e dos exploradores. viva a poesia. que badzé saiba desta simples oferenda.
falar de geraldo urano é falar de um amigo, de um companheiro com quem reparti momentos alegres e também difíceis na pré-história dos anos setenta. tempo de luta, de criação e de sonhos, apesar da ditadura. o poema destramelado na garganta, a voz e a poesia, chama de vida, nas praças e nos palcos. o coração do mundo para nós pulsava no cariri e mágico era o nosso mergulho naquele universo de serras verdes y águas claras y cheiro de buriti maduro y vozes do povo y do rugir dos séculos na língua acesa do sol.
crato/cratera, 1973/76. grupo de arte por exemplo. peças de teatro, exposições de arte, filmes, festivais de poesia e música. baião de todos. geraldo urano, luiz carlos salatiel, rosemberg cariry, deca, cleivan paiva, emerson monteiro, jackson bantim, bá freire, hugo, josé roberto frança, jefferson júnior, socorro sidrim, múrcio, paulinho, audízio e tantos outros. inumeráveis nomes, inumeráveis vozes, inumeráveis sonhos vivificados pelo signo do encontro, depois marcados pela diáspora imposta pelo fascismo militarista no poder. era "um tempo de guerra" e nós não sabíamos, enfeitávamos o brilho da nossa juventude com ramos de manjericão, enquanto muitos conheciam a tortura e a morte. caminhar é preciso, refaz-se a vida e a consciência. cinco anos é tempo de gestação. na "nação cariri" cresceu a semente do primeiro encontro, alargou-se a porteira da voz, firmou-se a certeza dos necessários passos junto ao povo. construção da luminura, luz, luzir, fogueira ardendo na noite, corações cariri abertos em perfume e claridade.
a partir do cariri, terra marcada pelas unhas da história, a poética de geraldo urano criou asas, rompeu cercas, ganhou o mundo, ensaiou o seu projeto de universalidade. muitos poemas viraram canções na voz de luiz carlos salatiel, pachelly jamacaru, cleivan paiva, bá freire, cirino e paulinho. na beleza dos seus versos estão os países, as cores dos povos, a semeadura do sonho, a busca da paz, a canção de amor. a poesia de geraldo não tem fronteiras, fala do mundo como quem fala do quintal da sua casa e do quitnal da sua casa como quem fala do mundo. em tudo uma marca inconfundível: o verso novo e inovador, a musicalidade das palavras que se entrelaçam como trepadeiras que escalam muros e desabrocham a flor nos cabelos das ruas; a ironia cortante que desaloja a ferrugem; a crítica audaz aos inimigos da vida; o imenso amor que o liga à natureza. sobretudo, seu canto de esperança no homem, sua fé na liberdade e no advento de uma sociedade de coletiva felicidade. um momento novo, jovem, audacioso e sereno, ao mesmo tempo. o poema enquanto possibilidade de vida, poesia farta de manga-rosa, jorro abundante de leite de vaca que pasta estrelas na boca da noite. via-láctea.
vaga-lumes é apenas um momento da poesia de geraldo urano, um piscar de luzes na escuridão. nós que conhecemos e acompanhamos a sua produção poética, esperamos também que ele nos brinde, qualquer dia destes, com um livro mais volumoso que reúna os muitos momentos da sua fértil e irreverente criação. algo assim como um prato de estrelas, servido na mesa da grande noite que pesa sobre a nação brasileira. festa em casa de camponês, quando o inverno é bom, quando se assenta a poeira do corpo, quando a consciência e a disposição revolucionária do povo é canção maior, falam mais alto que a voz dos tiranos e dos exploradores. viva a poesia. que badzé saiba desta simples oferenda.
Rosemberg Cariry
cidadadela de nuestra señora del assución, capital da província pré-histórica do siará grande, no mês de abril (flores e povo nas ruas. diretas já), no ano difícil de mil novecentos e oitenta e quatro.
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