domingo, 28 de setembro de 2008

a fera ronda pobres e ricos
quer estrangular paramaribo
alcançar vênus e marte
abrir um precipício
oferece-me ouro e fama
uma jovem bonita
eu corro para santana
conto as coisas a um velho amigo

sábado, 27 de setembro de 2008

a fera não dorme
nem de dia nem de noite
engolindo estrelas ela vai marchando
um azul triste no céu
um verde triste no mar
uma flor soluça
no coração de gibraltar

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

a rainha do lar está em coma.
Aquela mulher é amada?
salvação! salvação!
enquanto crescem as beterrabas
eu vou batucando
e é só samba o meu coração.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

vivemos nesse grande tempo
todos vivem se escondendo
só são corajosos nas canções
defendo-me da maldição
a moça da capa
vive chorando na solidão
vejo a luta do salmão
toco em ti com a minha mão

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

não venha a mim
sou uma pequena alegria
uma escada curta
uma nuvem como as outras
no céu da tarde
não venha a mim
sou apenas um tocador de gaita
uma flor da água
um cisne procurando a palavra
você sabe
não é qualquer um
que traz os sinais
mas um especialmente
tem muita gente nervosa
com as cores do mar
eu sou apenas um gaiteiro

terça-feira, 23 de setembro de 2008

eles fazem do belo um boneco
os mestres da ignorância
calados, estão errados;
imaginem falando!
armam suas tendas
de uma ponta a outra da terra
pobres ovelhas
que a eles se entregam!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

a arte virou culinária de escravos
seu objetivo é satisfazer o paladar dos glutões.
com passos de encomenda
marcha com o orgulho dos mortos.
os abutres estão em festa
e no mais alto içada sua bandeira
nas torres gélidas.
a mentira elevou-se
sem no entanto encontrar a saída do labirinto

domingo, 21 de setembro de 2008

os ladrões estão satisfeitos
com a terra nua
todos os poderes
tiram partido dela
políticos artistas e religiosos
fazem loteria de suas vestes
mas não tarda
o dia da verdade
não tarda a hora da justiça

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

se eu tivesse ouvido
a tua música
a última música
mas eu sou como amundsen
eu já estava lá.
sul da américa do sul
áfrica do sul
cidade do cabo
cabo horn.
barreira de rosa no pólo sul
ou eu no iguatu
ouvindo reginaldo rossi
usando a sobremesa como um revólver
você vai sujar o meu terno.
querida
eu também estou impaciente
e cansado.
com essa paz de fel
com esse amor de papel.
nossas nações estão brigando
e com isso
os cães se deliciando.
você diz
vamos viver vamos viver
mas não saímos do canto
a estas alturas
você já perdeu o seu ensaio
e eu minha aula de esperanto.
meu bem
não se esqueça de que somos muito
românticos. me convide
que a lua já nos fez o convite
precisamos andar
respirar.
e não podemos esperar...
como disse luther king

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

falar do que passa
é empada.
e falar por falar
é goteira.
a vida não cabe numa compoteira.
tocar no sentido da espada.
luz que dá força ao sonho.
nem só de água vive o mar.
o silêncio é fornalha
queima toda besteira.
o corte do som
que nada tem com o tom da navalha.
qualquer espantalho
qualquer trapalhada
não vai fazer nossa tez coalhar.
vaca é pra gente amar
muito mais do que para comer.
me dê de beber.
eu vou
como um beija-flor
batalhando uma flor
meu amor. meu amor.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

o leite em lata
o boi o porco
o peixe em lata
a minha próxima canção
vai sair
em latas vermelhas
com o nome na tampa
como disse
kenneth kuanda
quando
os elefantes brigam
quem paga é a grama
velho provérbio africano

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

o encontro dos lábios do cosmo
com os lábios da nação.
oh estrelas pandeiros...
serenos alegres malucos
no ventre nas matas no céu no sertão.
ai verde do crescimento
ai loiro da claridade
ai rosa que não é explosão...
os olhos da bandeira
iluminam a praça
e a praça no meu coração.
cartolina carolina colorau.
samba folia nas asas na praça no peito.
o cruzeiro do sul.
ai lenta-segura gestação.
no universo o céu da nação.
e a prata que se incendeia
"nos braços nos olhos de bruços"
no mel
da mais infantil emoção.

domingo, 14 de setembro de 2008





seu dotô sua licença

para uma palavrinha

seu dotô falô da sua

pois eu vou falar da minha

minha casa

num tem vrido

nem ôro nem porcelana

minha casa

é de pau e barro

mas nela

os anjo canta

e eu garanto

que o sol

quando alumia a sua

num tira o zóio da minha

imagem captada da página: www.nordesteweb.com/not05/ne_not_20010529a.htm

sábado, 13 de setembro de 2008

V

sorvete ou salsa ou usina
e a luz das meninas
muita gargalhada linda
o infinito a cada passo
uma nave no quintal
e um sarro na esquina

que o novo está na aurora
no canto na praça no pé
nos olhos que se demoram
na constelação indicativa
que o coletivo não é esquisito
é só a tendência como uma enchente

mato grosso coisa linda
o teu corpo dourado
lençol branco de portugal
sangue tupi
o teu idioma azul
e o verde do cariri

no tempo de coisas novas
se o tempo inda era fechado e daí?
o trânsito pouco dizia
além dos beijos das garotas
como estrelas sobre a noite crua
mas era manhã dentro da noite

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

IV

quem fechava os olhos
para ver londres por dentro à noite?
e o que impedia o raio
que partia para salvar alguém?
os olhos grandes da ignorância
sobre a humanidade

enquanto os pára-quedistas
libres curtiam nas alturas
no chão os répteis
se inundavam em críticas
quando o condor passava
ou então aquela garota irreverente

a terra sem dúvida real baby
no carrocel estrelado
ainda guarda o seu retrato
e o rio acariciava os seus joelhos na suíte
lá fora os automóveis
dentro do mesmo circo

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

III

borboletas sonhavam
em nem toda parte só havia areia
olhares asas e surpresas
desciam das montanhas
e o samba invadia a solidão
e na piscina um avião

quem era afinal
quem era que devia tomar cuidado?
e perdiam tempo espionando os pássaros
e invejavam
o que as flores conversavam em segredo
o tempo estava repleto de lições

neturno no olhar da girl
e a terra a olhar azul
um relâmpago na estrada
e alguém em algum lugar
procurando saber
saber o quê?

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

II

ah quantas cidades
onde a lua sonhava com os casais
e o vento balançava a ponte
soprava as nuvens coloridas
e trazia as matas
com seu misterioso perfume

os que não entendiam o tempo
diziam bobagens sobre a saúde
e entre os piores estavam os melhores
e entre os melhores estavam os piores
na verdade exigia inteligência
a poesia de cada um

e as bombas se multiplicaram como beijos
e os beijos explodiram como bombas
nos iglus da europa e na tela americana
el zumbido de moskova
como o de um zangão
mas quem era beleza era beleza pra caramba

terça-feira, 9 de setembro de 2008

I

era tempo de coisas novas
se o tempo inda era fechado e daí?
se a manhã já estava nua na porta
o trânsito pouco dizia
além dos beijos das garotas
como estrelas sobre a noite crua

Mas era manhã dentro da noite
sim teus olhos abertos na surdez da rua
que aparecia na televisão
e as salas suavam de nada saberem
mas ninguém podia negar
um gosto que invadia

em ondas morenas
os assobios bailavam com o mar
é claro que sabiam
tudo o que afligia a brisa
a terra e a gente
e cubatão e urubupungá

Obs.: Início de um série de 5 poemas sob o título "Vinho Branco" (s/d)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

a montanha não é para a sociedade...
vá para o espírito santo
e conheça vitória
beatriz
eu nunca parei para lhe ouvir
pausa para os comerciais
na tarde de ontem o mundo vai ruir
sabem as estrelas o dia seguinte

sábado, 6 de setembro de 2008

deixo meu beijo e um abraço
e aviso
vem vindo coisa do espaço
que os jornais desconhecem
estou cansado de vedetes
dizia você pela manhã
agora onde estará?
sinto falta de ti
ó calcutá...
linda é a constelação de gêmeos
meu bem viajou deste mundo

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

adeus bélgica do meu coração
o seu menino vai embora
nossa novela terminou
vou para estocolmo
onde tudo começou
num bar
tinha chegado de bogotá
adeus neguinha
diz para catarina
que mesmo longe
continuo irmão
guardo os teus olhos no meu coração

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

um dia você é tocado e diz
minha vida não tem sentido
abandona tudo nos estados unidos
e se dedica a uma vida de santidade
sem fugir do mundo
você tem 40 anos
e então toma como exemplo
são joão de deus
cercado de loucos e de paralíticos
você rende graças
sabendo que o senhor é o rei dos reis

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

ela tem os olhos de santa
samuela
mas de santa ela não tem nada
as suas mãos são lindas
ái samuela
quase todo mundo é bandido
morreu e já ficou esquecido
pudera
é um adultério geral
ái samuela
você tem os olhos de santa
o karma toma conta de todos
não vou bancar o médico
é cobra engolindo cobra

terça-feira, 2 de setembro de 2008

a casa aberta pelo vento
e o meu coração
betendo com os tambores da terra
eu quero estar contigo
no quadro do pintor
essa é uma nova hollywood
com arco-íris no céu
e romãs no pomar
onde os astros não cegam
ninguém vai querer me matar
porque as cargas d'água
já foram todas para o ar

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

em toda parte estás e eu creio em ti...
ó estrela deste vale de lágrimas
você não dorme nem deixa ninguém dormir
quem te vê fazendo ginástica aeróbica
levanta-se e diz és a melhor e mais linda
ó rainha das armas químicas
na verdade américa eu sou um infiel
manda-me para a cadeira elétrica
e eu te dou meus parabéns