sexta-feira, 7 de março de 2008

Deixe eu ir a liverpool



meu poema mais profundo
não foi escrito na arábia
asas para os povos
mamãe deixe eu ir a liverpool
resolver o problema da minha namorada
só quando a maçã for resolvida
o mundo reencontrará a estrada
ah mamãe me diga que país
ainda não saiu da estrada
e em que espelho perdemos
a infantilidade dos nossos olhos?
deixe eu ir a liverpool antes que se quebrem os ovos
diga ao nordeste que não se perca
pra que? com tanta luz na cabeça?
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Este faz parte da profícua fase do início dos anos de 1980 do poeta, e tem uma curiosidade que me foi revelada por Deca (José Bezerra de Figueiredo Filho): o verso "mamãe deixa eu ir pra liverpool resolver o problema da minha namorada", foi dado por ele como mote a Geraldo para a composição do poema. Foi musicado por Luiz Carlos Salatiel e permanece inédito em registro fonográfico. Quando virou letra de canção, o poema sofreu algumas modificações, como inversão de palavras ("meu mais profundo poema" e "em que espelho perdemos os olhos de nossa infantilidade") e supressão do verso "antes que se quebrem os ovos".
Não sei como Salatiel intitulou o poema, que aparece sem título na cópia original. Por isso coloquei o verso "deixe eu ir pra liverpool", cidade natal dos Beatles, devido as explícitas referências ao grupo (além de Liverpool, Maçã, em alusão a Apple, a gravadora fundada pelos Beatles).
Carlos Rafael

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