Por volta de 1988, foi lançado o livro O Belo e a Fera, Cantigas, de Geraldo Urano, que na época assinava Lima Batista. Geraldo, desde fevereiro de 1986, estava em tratamento por distúrbios psiquiátricos, mas continuava firme com a sua produção poética.
José Bezerra de Figueiredo Filho, poeta e contista mais conhecido por Deca, grande amigo de Geraldo Urano, tomou para si a responsabilidade de editar um novo livro do poeta. O resultado é o belíssimo, porém angustiado O Belo e a Fera, que bem reflete o sofrido momento de Geraldo Urano.
O jornal Folha de Piqui, de agosto de 1989, publicou um poema do livro e um comentário de Deca , os quais são reproduzidos abaixo:
O poema
a fera é inteligente
e de grande formosura
fascina os homens
levando-os ao absurdo
por ela
eles se matam
já não ligam para o que fazem
tornam-se cegos e surdos
O comentário
O poeta cratense Geraldo Urano, que agora assina Lima Batista, tem feito de sua poesia suave uma batalha pela liberdade de sentimentos e expressão. Suas palavras têm o costume de desconcertar as pessoas com suas idéias soltas, mas que obedecem uma lei natural, formando um encaixe harmonioso numa geometria livre.
Neste livro, O BELO E A FERA, cantigas, que não objetiva horrorizar ninguém, Geraldo arruma as idéias GEOGRAFICAMENTE sem fronteiras, que para o intelecto adestrado pode parecer simplórias. "A arte virou uma culinária de escravos, seu objetivo é satisfazer o pladras dos glutões. Com passos de encomenda marcha com o orgulho dos mortos". É o que diz o poeta num trecho de suas cantigas, e com sua flecha torta acerta o alvo pelo lado menos esperado.
José Bezerra de Figueiredo
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