Caro amigo Luís,
Sabe? Estou cansado de pensar na morte. Mais vale comer sementes de girassol. Eu penso, às vezes: sou um sapo que engoliu uma estrela. Pois é, sou um poeta que não vive, e escreve tanto. Por quais motivos? Talvez esteja dando satisfação a mim mesmo da minha morte. Um dia, quando a primavera brotar no cotidiano, eu sorrirei novamente. O universo terá enxergado as minhas lágrimas. Quem é o jardineiro do céu? Por que a chuva não me molha? Tenho fugido como um pássaro perseguido, me escondido nas grutas do mundo. É noite e eu não sou um vagalume. Como você sabe, eu nunca trabalhei. Invejo as formigas. Tenho, como um escorpião, me alimentado de baratas.
O mercego é um bicho que me atrai muito. Tenho sido mais um castor, construindo na água. Sou uma águia, porém velha e cega. Não amadureço como as avelãs. Estou sempre verde. Que sabor as garotas acham que eu tenho. E o que é melhor: quando viveremos, afinal, numa civilização no fundo do mar!
Sabe? Estou cansado de pensar na morte. Mais vale comer sementes de girassol. Eu penso, às vezes: sou um sapo que engoliu uma estrela. Pois é, sou um poeta que não vive, e escreve tanto. Por quais motivos? Talvez esteja dando satisfação a mim mesmo da minha morte. Um dia, quando a primavera brotar no cotidiano, eu sorrirei novamente. O universo terá enxergado as minhas lágrimas. Quem é o jardineiro do céu? Por que a chuva não me molha? Tenho fugido como um pássaro perseguido, me escondido nas grutas do mundo. É noite e eu não sou um vagalume. Como você sabe, eu nunca trabalhei. Invejo as formigas. Tenho, como um escorpião, me alimentado de baratas.
O mercego é um bicho que me atrai muito. Tenho sido mais um castor, construindo na água. Sou uma águia, porém velha e cega. Não amadureço como as avelãs. Estou sempre verde. Que sabor as garotas acham que eu tenho. E o que é melhor: quando viveremos, afinal, numa civilização no fundo do mar!
Você ainda bebe vinho? Você se veste muito bem.
Não nasci para Dalai Lama. E não sou ator, embora, às vezes, me comporte como uma atriz.
Mais do que nunca é preciso gozar a vida. É pena que eu não possa mais beber cerveja. Outro dia, de madrugada, fui engolido por uma cobra. Quisera passar o dia dormindo. A noite é fascinante. Rapaz: ela apenas começou.
As crianças merecem tudo. Um dia brilharei como vênus.
Minha pulseira budista, meu disco de Bob Dylan. Como me interessa a América. Como ela é interessante.
Você é corajoso. Eu sou medroso. É por Deus que somos amigos.
Trago no coração as pérolas do oriente. Quem se esquece dos índios não merece viver.
Você é corajoso. Eu sou medroso. É por Deus que somos amigos.
Trago no coração as pérolas do oriente. Quem se esquece dos índios não merece viver.
Diabo! Por que sou assim? Meio livre, meio escravo?
Você tem razão, há uma grande festa. E você sabe: eu tenho perdido quase tudo. Um dia me lembrarei de viver.
Abraços do amigo Geraldo Urano.
Abraços do amigo Geraldo Urano.
3 comentários:
És um vaga-lume sim, caríssimo, e num piscar ininterrupto, até quando e quantas luzes vão clarear os olhos dos que pousam sobre tuas palavras?
É maravilhoso provocar o encontro dessas palavras onde elas queiram se encontrar, onde nem saibamos, a festa está acontecendo, vista seu traje, querido...senti tanta saudade, e nunca esqueci que estás vivo...e escrevendo.
Feliz por encontrar este vaga-lume brilhando, mando uma piscada de olho(sorrindo, que fico mais bonita).
Levante vôo, luzes no ar.
(Abraços ao incrível Salatiel)
vc não me conhece. nem precisa. aliás, pouco importa quem sou. mas lendo essa carta, caralho, saquei exatamente isso: que somos não o que podemos, mas o que queremos, ainda que a covardia nos bata à porta. mesmo que a cobra nos devore numa noite dessas, onde a bobeira é a melhor coisa - os livros esquecidos, umas biritas de leve e os amigos de sempre.
é o que importa: o que somos pros nosso irmãos.
As mariposas que voavam ao redor do " Balança-mas não cai", no saudoso Rio, às vezes ficam a perguntar: Por onde andará aquele Bicho Grilo solitário, que parecia viver a procura de interrogações?
Mal sabem elas que vagando pelas cercanias de um Parque, iluminando a vida, com a luz brilhante de um Vagalume.
Em cada poesia,um clarão.
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