orós
o grito doce da água
os peixes
o sol
o barco
o carinho aquático
no corpo
no barro
a cara terna cósmica
da beleza-paz

que ela é uma rosa
uma rosa cor-de-rosa
universo anilversariante
aniversariante nervosa
colorido matinal
estrela guatemalteca
pérola sideral
talco que não é cal
calma que não é mal

se não sou eu
que solto a mão dela
é ela
quando não é ela
sou eu
e cada um vai para um lado
o mundo está só lados
lados lados lados lados

diana que era branca como o dia
e que sorria
apenas de noite. era o que diziam
e parecia que nunca envelhecia
como se não tivesse
a menor relação com o tempo
e diferente das outras pessoas
que morriam
diana que já morou nesta rua
na esquina
ali

jamacaina manhã
de bicicleta ele passou
com seu pequeno bebê
com sua camisa do flamengo
e um papagaio no ombro
eu sentado no pequeno muro
na manhã com olhos de cristal
alguém pediu café
e não esqueça as bananas
nem o abacaxi. nem a laranja
é. só não é poeta que não quiser

o que acontecer tá acontecido
você me pergunta o que é
o tempo tem todas as respostas né?
fique de orelha em pé
quem avisa amigo é
agora não me confunda não me chupe
como um picolé
já me molhei em paulo afonso
já voei em assaré
tudo é poesia e força
seja uma boa aeromoça
acerte na mosca
professor é caubi peixoto canta
e profeta é maomé

o sonho e a cor
a filha
a flora
o pão e a ceia
o filho
a fauna
o som e a dança
a vida
a vida
a vida é muito mais
que correr paris
que paris
é só uma cidade da frança

quem é poeta?
o trapezista?
nem é preciso tanto
os caçadores
devem ser muito gratos
às armas modernas
mas os animais
continuarão até o fim
incorruptíveis e belos
aliás
palavras
que eles usam a granel

da sintonia e da solidariedade
nasce uma serenata
de água mais quente
do que a chama do teu isqueiro
cinco salve vogais sadias
meninas morenas marias
mulatas ave marinas
telhado anil de vera cruz
não há não há
não há luxo maior do que a paz

eu corro para a música
e para tudo que corre para a vida
como ela que saiu do banheiro
a cidade ficou mais bonita depois da chuva
eu disse para a filha do fazendeiro
cuide bem dos seus olhos
cantar as virtudes dos povos
conheço os coelhos
acredito que a paz é mais fértil ainda

o horto do juazeiro
o corpo naval
eu prefiro a nave dela
que é mais espacial
o corpo de carlota
branco como a calota polar
me empresta o verso vinícius
ela é negra demais no coração

o mar balança mas é seguro
veja cara o que escrevi
o dia vive de sol
as estrelas brilham
mas a noite é escura
a certeza
não tem sua casa na tundra

chovendo
vem na trança do vento
chão
pousam em ti os meus dez aviões
meus dedos
paira a lua
alta
numa branda solidão

de nagóya a goiás
no íntimo sentimento
de mil mulheres
a fertilidade
é um canto de paz
também em la paz
em saigon
do icó ao oregon

você precisa de algo brilhante
uma espada
cruel muito afiada muito rápida
não tenho pena dos seus fantasmas
muito você sonhou com um tempo real