flores ao sol
olhares ao vento
hoje krishna saiu
e está contente
quisera receber um abraço
mas quem sou eu?
um verme rastejando a terra
vou morrer
mas levo comigo
mil filisteus

virá uma resposta de vênus
quem ainda quer saber do prêmio?
o deserto iluminado
e eu mais um seresteiro
o bom é que eu sou brasileiro
terra da piada e do escândalo
ainda seremos gente

amemos a guardiã da terra
serva do belo
e levantemos o caído
chupemos o limão se preciso
se é bom
compremos o disco
e passemos o ferrolho no abismo

a fera devora
a mata verde e os lagos azuis
e sabe como corromper os povos
a moça está com medo
e o rapaz com depressão
a fera fere a china
a abre uma cicatriz no kazaquistão
gela o meu coração

os empresários da fera
subiram a serra
construíram hotéis e apartamentos
comem e bebem
com vista para o mar
suas garotas são de programa
nada de novo na finlândia

eu não roubei o seu dinheiro
eu não matei você
minha cara argola de brincos de ouro
eu sou apenas esta noite que cega o mundo
eu não pego a lua mergulhando no mar
para isso eu tenho que subir no céu
estou palitando os dentes
e a via láctea é o meu chapéu

hora de aula; hora de tortura!
saber menos até não saber nada
depois sair ensinando
o azul já não é azul
o amarelo já não é amarelo
o mar já não é limpo
os aviões passam sobre os cemitérios

a fera é inteligente
e de grande formosura
fascina os homens
levando-os ao absurdo
por ela
eles se matam
já não ligam para o que fazem
tornam-se cegos e surdos

a fera está em todos
já nasce com as pessoas
diz o belo:
ela é o intelecto.
Sim,
ele mesmo!
ó deixais que a virgem dos teus passos
a intuição
guie tuas ações

em breve
as montanhas falarão
e a cidade maldita ruirá
dentes brancos e sem cárie eles terão
e de todos os lugares
serão bem vindos
ainda que hoje pareça esquisito
assim será e eles virão

a fera conta
com falsos profetas e falsos pastores
exércitos de mulheres nuas
palácios
e governos armados até os dentes
eu penso no unicórnio
e para isso
não preciso de aguardente

a televisão toca fogo
fujam, cavalos!
a noite cobriu-se do mais escuro!
quem sou eu para falar?
ai lar doce lar!
eu não te queria uma casamata!

a fera vigia;
do mar, da terra e do céu!
sua mentira
segue adiante com suas armas
tem rabo e asas e garras
as terras
estão sob o seu poder
ela atenta contra o pudor
mas as virgens do belo
sabem se esconder

vou tirar o vestido azul da terra
quero vê-la correndo nua
pelos campos nevados da alemanha
enquanto recito o desiderata

mamãe chegou da missa
e não trouxe uma hóstia
para eu comer com guaraná

quem te viu, brasil!
e quem te vê!
as palavras se perdem no vazio
teus homens te exploram
sumiu o teu olhar dourado
tua esperança está febril
tuas folhas se desbotam
está cinza o teu anil

o belo tem seu rebanho
tens a sorte
de seres uma de suas ovelhas?
oh! alma bendita
ora por mim
caído neste mundo sujo
quero ver as coisas como elas são

será que o brasil está vacinado
contra as paixões da rússia?
a europa cresceu
e ficou terrivelmente adulta
seus cabelos de ouro
tornam-se espinheiros
e até a arca da aliança
é nome de loja no juazeiro

Tô nesse frio chinês
Com um tablete de açúcar na boca
Minha amada
É um boto cor de rosa
Se eu fosse viado
Não teria deixado a Lua
Com os lábios molhados
Peguei uma briga com a Alemanha
Num hotel de Bombaim
Êta mulher forte
Ela luta como um andróide
Quase deu cabo de mim

uma prece de buda ao belo
para aliviar o mundo
e uma oração
partida do coração de maomé
por ti e por mim
pois as onças estão magras
a cachoeira secou
os industriais avançam inclementes

o sino está tocando
nada de novo no manicômio
ela tem lábios encarnados
pergunta quando vou fugir
escrevo seu nome na parede
meu anjo
qualquer dia nós vamos sair

faço o sinal da cruz
porque a fera seduz
e ao roubo todos conduz
meu nome é guerra
conheço o alvo
atiro flechas
a fera geme
mostro a sua nudez

atenta
pois a voz da fera é conhecida
hoje
ela ocupa todas as horas
não vês a grade confusão?
fala com a voz do belo
e não com a da fera!
que a intuição, livre
possa soerguer-te

o belo com sua vidência
e a fera com o seu raciocínio
para quem a criança sorri primeiro?
para sua mãe
a espada para a minha mão
é chegada a hora
os tristes se alegrarão
pois o céu clareou de respostas
e uma música profunda
endireitou as estradas tortas

um louco esteve comigo
ele com seu karma
eu com o meu
falamos de namoradas
esses anjos desafinados
que só visam dinheiro
vou morrer sem ninguém?
apaixonado que sou
pelo vietnan

a casa dos loucos quando é de noite
parece um filme danado
os loucos olhando pra lua
e o mar batendo lá fora
os médicos estão em casa
bebendo cerveja
eu vou casar com aquela louca