sexta-feira, 26 de junho de 2009

"a um poeta chamado geraldo"

Chagas

ah, geraldo,

porque eu parti

e me parti em dois

e aos pedaços perdi

a porta que dava

para o seu sorriso,

você na foto

e o seu amigo,

agora me volto

e me revolto,

eu mesmo

meu inimigo,

o que se perdeu

pela noite rouca

que são paulo deu

e não voltou mais

ontem, hoje,

e amanhã,

tanto faz

dois poetas separados

no tempo

de um mesmo lugar

é isso o que a vida dá

terça-feira, 23 de junho de 2009

vou tirar o vestido azul da terra
quero vê-la correndo nua
pelos campos nevados da alemanha
enquanto eu recito o desiderato

mamãe chegou da missa
e não trouxe uma hóstia
para eu comer com guaraná

segunda-feira, 22 de junho de 2009

vi nossa senhora
abrindo a porta do século XXI
a inglaterra se masturbava com uma coca-cola
e a macacada brasileira brincava ao luar

sou filho de ontem
e vivo correndo na linha do horizonte
certamente vou chegar a algum lugar
talvez na áfrica
para tomar banho com nossa senhora

sexta-feira, 19 de junho de 2009

a civilização é uma criancinha
procurando os peitos gostosos de vênus para mamar
a civilização é uma fada escrota
que larga o pau na minha cabeça
a civilização é o espelho
onde eu penteio as minhas lindas tranças

terça-feira, 16 de junho de 2009

era uma manhã com nuvens de pássaros
e árvores floridas
uma manhã musicada pela brisa
e as flores respondiam aos sorrisos
e os pássaros se aproximavam da gente
e a manhã era um pássaro
voando na felicidade da gente
e a gente tinha vida no verde das árvores
e nenhuma palavra feria o sol ou as nuvens
e a gente tinha aroma nas flores de toda cor
e a manhã era aroma e tu tão cheirosa
e teus cabelos em longos cachos
como cachos de luz dourada
e a luz do sol fazia o seu trabalho
na pele da gente na terra macia
na água brilhosa dos riachos

segunda-feira, 8 de junho de 2009

ela tinha olhos roxos
morava numa casa de barro
ela era um pássaro do outro mundo
que lia os meus pensamentos
eu lhe dizia
baby
até quando isso?
a resposta
era um sorriso misterioso
como a alma dos montes nevados

um dia a procurei
e não a encontrei
e eu nunca mais fui o mesmo
a casa de barro ainda está lá
frágil
mas que aguentou
todos aqueles dias de paixão
paixão roxa
da cor dos olhos dela

quinta-feira, 4 de junho de 2009

brasil tropical
venezuela equatorial
em todos os lugares
estou muito legal pois é natal
natal em brasília
natal em caracas
londres 0º grau
natal em greenwich
na praça de moscou
no palácio do céu
natal em salvador
com uva moscatel
pois está em festa
a laranja terrestre

quarta-feira, 3 de junho de 2009

a vida é cheia de graça, maria
o teu vestido danada
onde tu lavas os pés, maria
sou capaz de beber a água

a lua sobre a estrada
brilhando na tua cara
por onde tu vais, Maria
eu boto as minhas pegadas

a tinta dos teus olhos
tem um gostinho de céu
dê só uma oiadinha
pra esse teu menestrel

terça-feira, 2 de junho de 2009

naquele dia você disse
que eu era a sua diversão
foi só uma brincadeira sua
mas não diga de novo não
use uma lente de aumento
se o seu óculos
não estiver mais servindo
se é porque eu não leio muito livros
eu vejo tudo no vento...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

te esquecer por um instante
é como a morte
sorte mortadela
vênus enlatada
minha cabeça ilusione
minha canção de amore
se morreres também morro
ah tu podes abrir
o meu coração de lata
eu sou um boneco
envivecido por teus lábios
minha cabeça ilusione
minha canção de amore
sorte mortadela
vênus enlatada
mas tu podes abrir
o meu coração de lata